Folha de S.Paulo

Óleo atinge pontos turísticos na Bahia e em Alagoas

Ponto turístico de Salvador e Maragogi, no litoral norte de Alagoas, são afetados

- João Pedro Pitombo e Matheus Moreira

As manchas de óleo que atingem boa parte da costa nordestina chegaram à praia de Ondina e à região do Farol da Barra, em Salvador. Também alcançaram as piscinas naturais de Maragogi, em Alagoas. A origem do vazamento ainda é incerta.

As machas de óleo continuam avançando pelo litoral de Salvador e, na manhã desta quinta-feira (17), chegaram às praias de Ondina e à região do Farol da Barra, no limite da entrada da baía de Todos-os-Santos.

Pequenas pelotas de óleo foram identifica­das nas duas praias, que ficam em regiões de grande interesse turístico e junto a um dos principais circuitos do Carnaval.

Com o avanço das manchas, chega a 11 o número de regiões do litoral de Salvador já atingidas pelo óleo, abrangendo toda a faixa da orla atlântica.

Outras praias que já haviam sido atingidas receberam uma maior quantidade de óleo na manhã desta quinta. Foi o caso das praias de Stella Maris e praia da Pedra do Sal, em Itapuã.

“Estamos preocupado­s com essas duas áreas, pois o óleo chegou em uma textura mais líquida e está concentrad­o no meio das pedras, o que dificulta o trabalho de coleta”, afirma o secretário municipal da Casa Civil, Luiz Carreira.

Ele diz que é necessária uma ação rápida para evitar que os sedimentos voltem ao mar com o avanço da maré durante a tarde.

Animais dessas áreas têm sido atingidos. Na manhã desta quinta, um grupo de voluntário­s encontrou uma garça coberta de óleo na praia da Pedra do Sal. O animal foi socorrido e levado para ser higienizad­o e tratado na sede do do IMA (Instituto de Mamíferos Aquáticos).

Ao todo, 405 agentes da Limpurb, empresa municipal de limpeza urbana, estão atuando na retirada do óleo. Grupos de voluntário­s também tem ajudado na coleta do material.

Até a manhã desta quinta, foram retiradas das praias de Salvador 26 toneladas de óleo. Somente na quartafeir­a, foram 22 toneladas em apenas oito horas.

Os primeiros vestígios de óleo começaram a chegar a Salvador no dia 10, mas até então em pequenas quantidade­s. Antes desta quinta, haviam sido recolhidos apenas 37 quilos do óleo.

Em Alagoas, as manchas de óleo chegaram na quarta-feira (16) à praia de Maragogi, no litoral norte. Até o momento, 25 locais no estado foram afetados pelo produto.

Alagoas foi o quarto estado no Nordeste a ser atingido pelo óleo. A primeira praia afetada na região, em 7 de setembro, foi a de Japarating­a, que voltou a ser atingida por manchas em dois pontos diferentes também na quartafeir­a, segundo informaçõe­s do Ibama.

No município de Japarating­a fica a APA (Área de Proteção Ambiental) Costa dos Corais, a maior unidade de conservaçã­o marinha do país. Por isso, 180 fuzileiros e um navio com mergulhado­res devem trabalhar para verificar se houve impacto nos recifes de corais.

O governo de Alagoas enviou para a região kits com equipament­os de proteção individual como máscaras, luvas, peneiras e botas a serem distribuíd­os para os voluntário­s.

Ainda na quarta, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobrevoou ao lado do vice-governador, Luciano Barbosa (MDB), o litoral norte de Alagoas para conferir o estado das praias afetadas.

Durante a noite, voluntário­s participar­am de um mutirão para remover o óleo da praia.

Até o momento, não se sabe a origem do óleo que surgiu no litoral da Paraíba em 30 de agosto e já atingiu praias dos nove estados nordestino­s.

Análise feita pela Petrobras, Marinha e universida­des do Nordeste, indica que o material é de origem venezuelan­a.

Pesquisado­res especializ­ados em correntes marítimas fizeram simulações de computador e chegaram a resultados que indicam que a origem está no alto-mar, a pelo menos 400 km da costa.

A Marinha diz que já foram empregados 1.583 militares, cinco navios e uma aeronave na contenção, neutraliza­ção e investigaç­ão das manchas.

Pelo menos 30 navios-tanque de dez países serão notificado­s para prestarem esclarecim­entos. “A Marinha entrará em contato com as autoridade­s competente­s dos países dessas bandeiras, com a Organizaçã­o Marítima Internacio­nal e com a Polícia Federal, visando elucidar todos os fatos”, diz nota da Marinha

O Ibama requisitou apoio a Petrobras para a limpeza das praias. A estatal é a responsáve­l por contratar pessoas entre agentes comunitári­os e cidadãos locais para receberem treinament­o e auxiliarem na limpeza dos locais atingidos. Não há, ainda, informaçõe­s sobre o número de pessoas envolvidas nas ações.

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Guardiões do Litoral/Divulgação Praia da Pedra do Sal, no bairro de Itapuã, em Salvador
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