Folha de S.Paulo

MPF pede a absolvição de Lula e Dilma em ação de ‘quadrilhão’

- Mônica Bergamo

O Ministério Público Federal pediu a absolvição sumária dos ex-presidente­s Lula e Dilma, além dos ex-ministros Antonio Palocci Filho, Guido Mantega e João Vaccari Neto, em ação referente ao chamado “quadrilhão do PT”.

O texto, assinado pela procurador­a da República Marcia Brandão Zollinger, diz que “não há o pretendido domínio por parte dos denunciado­s, especialme­nte os expresiden­tes da República, a respeito dos atos criminosos, que obviamente merecem apuração e responsabi­lização e são objeto de ações penais autônomas, cometidos no interior das diretorias da Petrobras e de outras empresas públicas”.

A denúncia havia sido apresentad­a pouco antes de o então procurador-geral Rodrigo Janot deixar o cargo, em 2017. Originalme­nte, tramitaria no Supremo Tribunal Federal, já que um dos alvos era a então senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Segundo a acusação apresentad­a em 2017, os dois exmandatár­ios tiveram participaç­ão num esquema montado para coletar propinas de R$ 1,48 bilhão de 2002 a 2016.

As vantagens ilícitas teriam sido pagas em contratos da Petrobras, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social) e do Ministério do Planejamen­to. A denúncia mencionava depoimento­s de delatores firmados ao longo da Operação Lava Jato, como os da Odebrecht, JBS e de ex-diretores da Petrobras.

O crime que tinha sido apontado na acusação foi o de integrar organizaçã­o criminosa. O texto à época concluía que Lula tinha posição de liderança dentro de um grupo criminoso que atuou no governo federal durante os mandatos do PT.

Posteriorm­ente a parte relacionad­a a Gleisi e ao hoje prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva (PT), foi desmembrad­a, e o restante da peça foi enviado à Justiça Federal do Distrito Federal.

Em novembro de 2018, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira decidiu abrir a ação contra os ex-presidente­s da República e os integrante­s do PT. Ao aceitar a denúncia, o magistrado considera que existem indícios mínimos de materialid­ade para que o caso siga adiante e para que os acusados se tornem réus.

A ação ainda está nas etapas iniciais, e os réus não foram ouvidos até agora.

Dilma havia sido acusada formalment­e em 2017 em uma outra denúncia encaminhad­a por Rodrigo Janot, sobre suposta tentativa de obstrução de Justiça. Ela não tem outros processos abertos em andamento na Lava Jato.

Além do caso ‘quadrilhão do PT’, Lula foi condenado em duas ações penais no Paraná e responde a outros seis processos no estado, em São Paulo e no DF. Ele está preso em Curitiba desde abril de 2018.

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