Presidente sediará reunião do G7 em resort cujo dono é ele mesmo
O presidente Donald Trump receberá a reunião do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) no próximo ano, no Trump Doral, seu hotel de luxo perto de Miami, disse nesta quinta-feira (17) o chefe de gabinete interino do presidente, Mick Mulvaney.
Mulvaney disse que Trump considerou a possibilidade de “criticismo político”, mas que escolheu o resort mesmo assim porque funcionários da administração consideraram hotéis por todo o país e concluíram que esse era “de longe, a melhor instalação física para essa reunião”.
“É quase como se eles tivessem construído esse complexo para sediar esse tipo de evento”, disse Mulvaney.
O chefe de gabinete disse que a questão não gera conflito de interesses. “[Trump] deixou claro que não teve lucro desde que está aqui.”
No entanto, Jerrold Nadler, democrata que lidera o Comitê de Justiça da Câmara, disse que ao receber uma reunião com os líderes mundiais e suas equipes, que somam centenas de pessoas, a Casa Branca teria potencialmente violado cláusulas da Constituição, que proíbe presentes ou pagamentos de governos estrangeiros.
O anúncio “está entre os exemplos mais descarados da corrupção do presidente”, disse Nadler. “Ele está explorando sua posição e tomando decisões de governo para obter ganhos pessoais.”
Realizar o evento no Doral força governos estrangeiros a pagar à família Trump para ficar em seu resort, disse Deepak Gupta, advogado constitucionalista. “A mistura de interesses privados e ações oficiais que temos visto desse presidente é flagrante.”
Sediar a reunião do G7 pode proporcionar uma receita inesperada para a Organização Trump e destacar o perfil do resort em todo o mundo.
Relatórios financeiros obtidos pelo jornal The New York Times como parte de processos fiscais mostraram que a propriedade perdeu US$ 2,4 milhões em 2014. As Organizações Trump não têm divulgado seus lucros nos últimos anos.
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves