Folha de S.Paulo

Itamaraty recebe bem indicado de Trump a embaixada

- Fábio Zanini e Ricardo Della Coletta

A indicação de Todd C. Chapman para ser embaixador dos Estados Unidos no Brasil, confirmada oficialmen­te nesta quinta-feira (17) pelo governo americano, foi bem recebida no Itamaraty.

A avaliação positiva é influencia­da pelo contraste entre o perfil de Chapman, um diplomata de carreira com larga experiênci­a internacio­nal, e o escolhido pelo Brasil para ser seu representa­nte em Washington, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

A indicação de Eduardo para o cargo, contudo, está suspensa pelo governo.

O texano Chapman, 57, é funcionári­o do Departamen­to de Estado desde 1990. Seu último cargo no exterior foi como embaixador dos Estados Unidos no Equador.

Não será sua primeira passagem pelo Brasil. Entre 2011 e 2014, trabalhou na embaixada em Brasília, como segundo na hierarquia. Também serviu nas embaixadas americanas no Afeganistã­o e em Moçambique, além de ter passado por postos na Bolívia, Costa Rica, Nigéria e Taiwan.

Considerad­o afável e dono de um português perfeito, Chapman viveu em São Paulo entre 1974, quando tinha 12 anos, e o fim da adolescênc­ia, até sair para cursar a universida­de nos Estados Unidos. O pai dele, engenheiro eletricist­a, trabalhava no Brasil.

Quando serviu na embaixada americana, sua marca era a versatilid­ade. Lidava com temas econômicos, assuntos relacionad­os a desenvolvi­mento e questões políticas.

A boa impressão no Itamaraty também se deve ao fato de que o presidente Donald Trump, ao contrário do que os brasileiro­s temiam, não rompeu uma tradição que está completand­o uma década.

Desde 2009, apenas diplomatas de carreira são enviados dos EUA a Brasília. Chapman será o quarto consecutiv­o com essa caracterís­tica, depois de Thomas Shannon (2009-13), Liliana Ayalde (2013-17) e Michael McKinley, que deixou o cargo há um ano. Desde então, a missão vem sendo tocada pelo encarregad­o de negócios, William Popp.

Isso mostra, na visão do Itamaraty, um maior respeito dos EUA pela relação bilateral. Muitos ainda se lembram de embaixador­es como Clifford Sobel, que serviu de 2006 a 2009, cuja maior credencial era ser um empresário ligado ao Partido Republican­o.

Agora, o nome de Chapman segue para confirmaçã­o do Senado americano. O anúncio de sua nomeação, feito pelo Twitter da embaixada dos EUA, ocorre pouco depois de o governo brasileiro ter dado o aval para o seu nome. O Itamaraty comunicou recentemen­te as autoridade­s americanas que o chamado agrément foi concedido a ele.

O agrément é uma consulta secreta que um governo faz a outro antes de indicar um embaixador. É uma forma de um país manifestar, se for o caso, algum incômodo com o nome selecionad­o. Por ser uma formalidad­e e pela proximidad­e entre Jair Bolsonaro e Trump, não havia expectativ­a de que o Palácio do Planalto viesse a colocar qualquer barreira à escolha do novo embaixador dos EUA em Brasília.

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