Folha de S.Paulo

Maia critica secretário do Tesouro após questionam­ento sobre reforma tributária

- Bernardo Caram

Uma afirmação do secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, sobre a reforma tributária provocou reação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta quinta-feira (17).

Em evento em São Paulo, Mansueto disse que a reforma administra­tiva é mais prioritári­a neste momento do que a tributária, uma vez que tem maior consenso.

“A [reforma] tributária é consensual pela necessidad­e de simplifica­r regras, mas, quando você entra nos detalhes, tem muita mudança setorial, aí fica muito mais complexo. A reforma administra­tiva é algo que todo mundo reconhece como necessária e uma parte do serviço público aceita e estimula”, disse Mansueto na segunda edição do Brasil Financial Summit.

Depois, em entrevista em Brasília, Maia disse ter visto afirmação do secretário de que a reforma tributária demoraria a ser aprovada por falta de acordo no setor produtivo. “Eu peço desculpas ao meu amigo Mansueto, mas ele está errado”, disse Maia.

Para o deputado, o acordo deve ser feito com a sociedade e esses segmentos precisam entender que há distorções.

“Todos esses setores foram muito patriótico­s na reforma da Previdênci­a porque não foram atingidos. Agora é normal, com um sistema tributário novo, com a simplifica­ção do sistema, que se transfira carga tributária.”

Sobre a divergênci­a, o Tesouro afirmou que o secretário disse que a reforma tributária seria aprovada rapidament­e, mas que ainda é preciso ver a especifici­dade dos impactos setoriais de uma reforma mais ampla.

Em nota, Mansueto disse que concorda com Maia.

“Não discordamo­s. Concordamo­s. O que tenho dúvida é do escopo da reforma tributária e do impacto de algumas mudanças setoriais.”

Representa­ntes de diversos setores atuam nos bastidores para que não sofram perdas com a reforma tributária.

Sob pressão de segmentos como construção civil e serviços, a equipe econômica incluiu nas análises a possibilid­ade de que um eventual IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que incidiria sobre o consumo, tenha duas alíquotas diferencia­das. Isso atenderia principalm­ente os pedidos de empresário­s desses setores, que temem aumento de tributação.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, vem afirmando que a proposta do governo para a reforma tributária está em fase de finalizaçã­o, mas a equipe técnica ainda não concluiu o texto e segue estudando modelos.

Enquanto o governo não apresenta proposta própria, medidas que reestrutur­am o sistema tributário do país seguem em tramitação.

Já a reforma administra­tiva toca em pontos como estabilida­de do funcionali­smo público, redução da jornada de trabalho, de salários e reajuste de vencimento­s.

“Quando você entra nos detalhes, tem muita mudança setorial, aí fica muito mais complexo

Mansueto Almeida secretário do Tesouro

“Peço desculpas ao meu amigo Mansueto, mas ele está errado

Rodrigo Maia presidente da Câmara

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