Folha de S.Paulo

Governo negocia propostas de reforma sindical

- Bruna Narcizo

O secretário especial de Previdênci­a e Trabalho, Rogério Marinho, se reuniu nesta quinta-feira (17) com líderes sindicais da UGT, CUT, Força Sindical, CTB, NCST e CSB, em São Paulo.

“Foi uma reunião boa, propositiv­a. Ouvimos queixas, mas também propostas e esse é um processo natural da dialética”, disse Marinho.

Segundo ele, a proposta de reforma sindical não será unilateral. Membros do Gaet (Grupo de Altos Estudos do Trabalho), criado pelo governo federal, também participar­am do encontro.

Entre as propostas que estão sendo desenvolvi­das pelo grupo, está o fim da unicidade, que impede a criação de mais de um sindicato por categoria em uma cidade, estado ou região.

“É natural no sistema capitalist­a ter uma mediação entre o empregador e o trabalhado­r. Mas precisamos retirar a tutela do Estado dessa relação. É uma relação indevida. Atualmente, é o Estado brasileiro quem dá a carta de autorizaçã­o para que um sindicato funcione em determinad­a região e isso não deve mais ocorrer”, diz.

Segundo Marinho, a proposta do governo ainda está em construção, mas pode ser baseada em modelos sindicais de outros países.

“Fizemos um grupo de trabalho para produzir um documento com o que acontece no mundo. Queremos trazer a experiênci­a de outros lugares para a nossa realidade.”

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, diz que, pelo que ouviu até agora, o governo deve apresentar o modelo que existe no Chile, na Colômbia ou no México, que, segundo ele, é baseado na pluralidad­e. “Foca na proposta de um sindicato por empresa, que nós somos contra”, afirmou.

Sobre financiame­nto, Marinho disse novamente que o governo ainda não tem proposta fechada. “Entendemos que a maneira do financiame­nto sindical obrigatóri­a não era o adequado. Sabemos que há uma grande número de sindicatos no Brasil, muitos cartorais [de fachada] que não sobreviver­ão.”

Ricardo Patah, presidente da UGT, disse que foi “uma agradável surpresa” a procura do governo para essa primeira conversa.

“Eu acho que o caminho que estamos adotando de diálogo e alternativ­as de consenso é melhor. Um movimento dividido não vai impedir qualquer mudança mais firme que o governo possa querer fazer”, disse.

Além da proposta sindical, o grupo também discutiu outros temas como a carteira de trabalho verde amarela, que garante só direitos constituci­onais como 13º, FGTS e férias, elementos da Justiça do trabalho e direitos trabalhist­as. Na sexta-feira (18), o Gaet se reúne com entidades patronais, na Fiesp.

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