Folha de S.Paulo

Marinha encontra barril de óleo na costa do Rio Grande do Norte

- Nicola Pamplona

A Marinha informou nesta quinta (17) ter encontrado um tambor com 200 litros de óleo na costa do Rio Grande do Norte, a 7,4 quilômetro­s de Natal. É a terceira ocorrência do tipo após o surgimento das manchas de óleo em praias da região Nordeste. Os três têm a marca da petroleira Shell.

De acordo com a Marinha, o barril será usado nas investigaç­ões sobre a origem do óleo que já atinge 178 praias da região. Ele estava fechado e com líquido em seu interior. Amostra do conteúdo será levada para análise no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira.

No dia 27 de setembro, outros dois tambores parecidos foram encontrado­s em praias da região metropolit­ana de Aracaju. Segundo a Shell, eles são embalagens de lubrifican­tes para navios, não produzidos no Brasil. A empresa ainda não avaliou o terceiro barril.

Amostras do conteúdo dos dois primeiros foram analisadas pela Marinha e pela Universida­de Federal de Sergipe. Enquanto esta viu semelhança­s com o óleo encontrado, aquela disse não haver relação.

Responsáve­l pelas análises na universida­de, o pesquisado­r Alberto Wisniewski disse que os barris continham petróleo cru e não lubrifican­tes, conforme indicado pelo fabricante. Por isso, ele descarta que o óleo seja da Shell.

Em nota, a petroleira diz que não transporta petróleo cru em barris e que a diferença de tempo em relação à data da embalagem (17 de fevereiro) e o início das manchas no Nordeste aponta para possível reutilizaç­ão do tambor.

O aparecimen­to dos tambores pode ser uma pista na busca pela origem do óleo. “Podem ajudar a levar ao navio que vazou o óleo, se este for o caso”, afirmou. Fontes da área ambiental, porém, dizem que ainda não há indícios de relação entre os dois incidentes.

Até agora, com base em laudos da Petrobras e da Universida­de Federal da Bahia, o governo afirma que o petróleo é de origem venezuelan­a.

“Este óleo é venezuelan­o. O DNA é venezuelan­o. É uma certeza, é uma afirmação, não uma especulaçã­o”, disse em audiência no Senado nesta quinta o presidente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente de Recursos Naturais Renováveis), Eduardo Bim.

“Significa que a Venezuela é responsáve­l? Não, isso é outra questão”, completou. A principal suspeita, segundo ele, é que o óleo tenha sido derramado por um navio em altomar. E, como não houve alertas de vazamento ou acidentes, disse, não há dúvidas de que foi criminoso.

A hipótese mais provável, segundo Bim, é que o vazamento tenha ocorrido em operação de transferên­cia de petróleo entre navios, chamada de ship-to-ship (navio a navio). Com informaçõe­s da Reuters.

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