Folha de S.Paulo

Reportagen­s da Folha foram alvo no final do governo

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A exemplo do que ocorreu nos três livros anteriores, FHC faz uma série de críticas à imprensa no volume final de seus diários.

Há queixas sobre a cobertura da Folha, sobretudo no caso do falso dossiê das Ilhas Cayman, documentos forjados que atribuíam a existência de recursos não declarados de membros da cúpula tucana no paraíso fiscal do Caribe.

“O que a mídia tem feito nessa matéria é inacreditá­vel, sobretudo a Folha”, registra o tucano, em março de 2001. Sobre o assunto, ele descreve um tenso jantar com o publisher da Folha Octavio Frias de Oliveira (morto em 2007).

“No final [Frias] disse que se magoou comigo porque, quando fiz um desabafo contra a Folha, disse que ela não tinha a hombridade de voltar atrás. É uma falta de escrúpulo, durante quase 32 meses, fazer de conta que os papéis eram verdadeiro­s! Não houve hombridade nenhuma!”, diz.

Em junho de 2002, numa conversa mais amistosa segundo o relato do tucano, Frias passa a ele em primeira mão o resultado de uma pesquisa Datafolha que mostrava Lula caindo quatro pontos e Serra subindo quatro. “Eu estava no carro quando me telefonou o Frias, eufórico, para me dar esses dados”, registra.

Há também reclamaçõe­s pontuais sobre reportagen­s e colunas. “Clóvis [Rossi, morto em junho passado] acabou de publicar um artigo hoje bastante azedo contra mim, contra o governo e a favor do Serra. Enfim, o Clóvis é o Clóvis, nasceu de mau humor.”

Em outro momento, FHC expressa preocupaçã­o com a saúde financeira dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.

“Estou tentando ver se arranjo uma solução para esses jornais, eles estão mal de finanças. São instituiçõ­es nacionais, é bom que sejam preservada­s”, afirma, sem detalhar um tipo de ajuda possível.

Diários da Presidênci­a 2001-2002 (Volume 4)

Autor: Fernando Henrique Cardoso. Ed: Companhia das Letras (1.024 págs., R$ 129,90). Lançamento: 25.out

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