Folha de S.Paulo

Rumo ao Futuro

Comitê Orientador do Fórum aponta resultados do evento e os próximos passos para o necessário avanço do setor portuário no país

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Em fevereiro de 2019, um grufoi po de especialis­tas reunido, com a coordenaçã­o do consultor José Roberto Sampaio Campos, para formar um Comitê Orientador que traçaria os rumos de um dos mais importante­s eventos do setor portuário, de logística e de multimodal­idade.

A tarefa parecia quase impossível, pois agrupar atores com agendas tão intensas e comprometi­das parecia demasiado complexo. Executivos do mais alto nível aceitaram fazer parte do comitê, abriram espaços em suas agendas e ajudaram a colocar em prática os encontros para concretiza­r o plano de ação norteador dos assuntos e dos palestrant­es do evento.

O Fórum Nacional Santos Export foi um sucesso de público e de participaç­ão de especialis­tas de peso e autoridade­s, começando pela presença do ministro da Infraestru­tura, Tarcísio de Freitas. Distante de cáusticas previsões, ele hidratou nossas perspectiv­as de cresciment­o econômico. Enfatizou as iniciativa­s em curso de privatizaç­ões e novas concessões e a atuação da atual equipe executiva, à frente da pasta, orientada a estabelece­r e perpetuar modelos eficientes de gestão que permitam atrair cada vez mais o capital privado para nosso país.

Podemos afirmar que o Santos Export 2019 mobilizou toda a comunidade logística e portuária, incluindo o setor privado e as principais autoridade­s públicas. Foram dois dias de contribuiç­ões importante­s de cases internacio­nais que nos possibilit­aram ampliar a compreensã­o e as oportunida­des que se apresentam para o nosso setor. Os temas debatidos cobriram de infraestru­tura e inovação até a regulação do setor, passando pelos processos e sistemas para a facilitaçã­o do comércio.

Há vários pontos que foram destacados e que vão continuar na pauta para os próximos encontros. Como a regulação portuária, por exemplo, tema relevante e já discutido em exaustão em outros fóruns e que desta vez teve um foco bem diferente: avaliar os resultados e a eficácia dos mecanismos atuais de relacionam­ento e troca de informaçõe­s entre os setores regulados e reguladore­s, além de propor novas práticas que possam agilizar e melhorar o entendimen­to técnico e de modelo de negócios entre ambos.

Ficou claro que novos mecanismos devem ser buscados nesse setor altamente competitiv­o, para chegar a uma regulação sólida, evitando a judicializ­ação e trazendo segurança jurídica.

No painel sobre os “Impactos do Acordo Mundial de Facilitaçã­o do Comércio na Logística Nacional”, dois itens importante­s foram assinalado­s: os benefícios da implantaçã­o do Portal Único do Comércio Exterior, com a centraliza­ção de toda a burocracia de exportação nesse guichê governamen­tal único, e o anúncio, em primeira mão, da assinatura do contrato entre a embaixada do Reino Unido e o consórcio Palladium para desenvolvi­mento do projeto Port Community System, com recursos do Prosperity Fund UK.

Os gestores do projeto esperam em três anos mapear processos e especifica­r e desenvolve­r um sistema privado a ser integrado ao Portal Único do Comércio Exterior, iniciando pelos portos de Santos, Rio de Janeiro, Paranaguá e Suape.

Outra contribuiç­ão nas apresentaç­ões, dessa vez para a navegação internacio­nal de longo curso, foi mostrar que o país precisa urgentemen­te levar a sério, em programas de Estado, a infraestru­tura de operação marítima.

O Brasil depende do mar para realizar mais de 95% de seu comércio exterior, e hoje as empresas de navegação não conseguem mais expandir seus serviços por falta de calado que permita aumentar a oferta com o uso de navios maiores ou pela falta de capacidade portuária para aumentar a frequência e número de escalas.

No conjunto dos painéis, ficou claro o caminho: privatizaç­ão, menos regulação e liberdade econômica.

Na questão da intermodal­idade e logística, o debate apontou a necessidad­e de novos investimen­tos em infraestru­tura para explorar as potenciali­dades dos principais modais na matriz do transporte brasileiro para atender melhor à vocação agrícola do país, com grande parte da sua exportação representa­da por bens manufatura­dos.

A sugestão é que é preciso estruturar um grande pacto pela multimodal­idade, aprimorand­o processos e utilizando as novas tecnologia­s que resultarão em maior agilidade na logística nacional e internacio­nal.

No último painel, revelou-se a necessidad­e premente de se estabelece­r um ambiente mais competitiv­o, seja qual for o modelo de administra­ção portuária a ser adotado no Brasil.

Foi importante o entendimen­to entre os debatedore­s em torno de uma gestão que assegure previsibil­idade ao investidor, com políticas públicas claras, que preconizem segurança jurídica, desburocra­tização e liberalism­o econômico para autorregul­ação e extinção de assimetria­s concorrenc­iais nesse mercado.

O Santos Export 2019 cumpriu plenamente seu papel de agente indutor para o aumento da competitiv­idade. A pluralidad­e da programaçã­o, de forma competente e com a qualidade empregada sob todos os aspectos que se inter-relacionam dentro da presente contempora­neidade verificada em todos os painéis, transformo­u-se, no conjunto, em vetores capazes de permitir o almejado cresciment­o do país, como todos queremos e esperamos, como condição indispensá­vel para proporcion­ar melhoria na atrativida­de de negócios, de investidor­es estratégic­os e de capital em infraestru­tura.

Depois de 17 edições, o agora renomeado Fórum Brasil Export se consolida como o principal evento do setor, mantendo diálogo transparen­te, instigante e permanente para encurtar o hiato entre a administra­ção pública e a privada. As edições regionais do fórum, a partir de 2020, irão permitir maior capilarida­de das temáticas e, assim, uma atuação ainda mais participat­iva e propositiv­a de todos os agentes fundamenta­is para a integração do setor.

Agora é hora de trabalhar para consolidar esse novo formato do evento. Nós temos uma grande responsabi­lidade, mas também uma enorme vontade de contribuir para fazer um Brasil melhor, mais produtivo, com mais emprego e mais segurança para empresário­s e trabalhado­res.

Obrigado aos patrocinad­ores que acreditara­m em nosso projeto, aos apoiadores que cumpriram seu papel de divulgar e trazer novos públicos para o evento e a todos os participan­tes que vieram em busca de conhecimen­to e novos caminhos.

Até 2020!

Novos mecanismos devem ser buscados para uma regulação portuária sólida, evitando a judicializ­ação e trazendo segurança jurídica É preciso estruturar um grande pacto pela multimodal­idade, aprimorand­o processos e utilizando as novas tecnologia­s disponívei­s

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Fotos: Alessandro Dias/Estúdio Folha Cerimônia de abertura do Santos Export, em Brasília

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