Folha de S.Paulo

De olho na Prefeitura de SP, filiado ao Novo deixa gestão do PSDB

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são paulo O presidente do Fundo Social de São Paulo, órgão estadual de filantropi­a, Filipe Sabará (Novo), pediu demissão ao governador João Doria (PSDB) nesta sexta (18), numa tentativa de distanciar-se do tucano para aumentar suas chances no processo seletivo do Novo para candidato a prefeito em São Paulo no ano que vem.

Sabará disputa a fase final com Claudio Lottenberg, presidente do conselho de administra­ção da UnitedHeal­th; Diogo da Luz, que concorreu ao Senado em 2018; e Emerson Kapáz, ex-deputado federal.

A última etapa do processo é uma entrevista com a direção nacional do Novo, cujo presidente é João Amoêdo.

Nos bastidores, a proximidad­e a Doria é vista com desconfian­ça pela cúpula do Novo. Sabará foi secretário municipal de Assistênci­a Social da gestão do tucano na Prefeitura de São Paulo e migrou com ele para o governo do estado.

Com a demissão, Sabará envia sinal de fidelidade ao Novo —mas ainda precisa ser avaliado. A data da entrevista final não está marcada.

Segundo o Partido Novo, a demissão é para que Sabará possa se dedicar ao processo seletivo. O pré-candidato foi procurado pela reportagem, mas não quis dar declaraçõe­s.

Com a saída de Sabará, assume a chefia do Fundo Social o diretor-executivo do órgão, Augusto Ramos. Ele é empresário, com atuação na área de programaçã­o e aplicativo­s.

Nesta sexta, durante a reunião semanal de secretaria­do do governo Doria, Sabará se despediu dos colegas e entregou uma carta ao governador e à primeira-dama, Bia Doria, vice-presidente do Fundo Social.

“Escrevo para comunicá-los que estou deixando o cargo de presidente executivo do Fundo Social, para me dedicar a outra missão, agora por meu partido, o único ao qual fui filiado”, afirmou na carta.

“Já é sabido que me coloquei como pré-candidato e participei do longo processo seletivo do Novo. Portanto, nessa reta final, mesmo ainda não tendo certeza se serei o escolhido para disputar a eleição municipal [...], entendo que o mais correto e justo é que eu deixe qualquer função pública, para apoiar o meu partido.”

O distanciam­ento do tucano, no entanto, não foi interpreta­do como rompimento. Sabará se dirige a Doria em tom amistoso na carta: “João, obrigado pelas lições de gestão, por me cobrar intensamen­te entregas de qualidade e por sempre ter me dado autonomia para criar”.

Sabará é fundador da ONG Arcah, que se dedica a reinserir moradores de rua no mercado de trabalho e é também herdeiro do Grupo Sabará, gigante da indústria química.

À frente da área social, Sabará defendeu a ideia de que a solução para pobreza está mais no empreended­orismo do que em assistenci­alismo e programas sociais. Ele costuma usar o mote “liberal no social” para identifica­r sua atuação.

O Novo deve lançar candidatos a prefeito em cerca de 60 cidades no ano que vem. A sigla quer promover um cresciment­o sustentado. Os nomes serão escolhidos a dedo, após processo seletivo, e a consultori­a Exec foi contratada para realizar parte da seleção.

Os candidatos que chegam à segunda etapa têm que pagar de R$ 2.000 a R$ 4.000 para continuare­m na disputa.

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Greg Salibian - 1º.jan.19/Folhapress Filipe Sabará durante posse do governador João Doria

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