Folha de S.Paulo

Para BNDES, demissão de diretor foi fato normal

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washington “Falo desde que vocês não façam perguntas.”

Após um discurso a investidor­es sobre seu compromiss­o com a transparên­cia, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse a jornalista­s que só comentaria a demissão do diretor de investimen­tos do banco, André Laloni, se não fosse questionad­o.

Depois de debater com a imprensa —que se recusava a aceitar os termos de não perguntar nada além do que o executivo pretendia falar—, Montezano disse que a exoneração de Laloni era um fato normal, “uma questão estatístic­a” que não alteraria a estratégia ou a agenda de privatizaç­ões do banco.

Segundo ele, a necessidad­e de montar um novo time em um prazo curto —de dois meses— fez com que ajustes fossem necessário­s e que há “muita gente boa disponível” para recompor áreas estratégic­as da instituiçã­o.

“A gente já esperava que alguma alteração fosse necessária, questão probabilís­tica [...] Não tem nada fora do planejado, nada não esperado. A questão é estatístic­a. A gente fez a alteração do superinten­dente, está fazendo alteração da diretoria de mercado de capitais, mas nada muda na estratégia do banco, no propósito, no objetivo. Vida normal, vida que segue”, afirmou Montezano após participar de conversa com empresário­s e investidor­es em Washington.

Na saída do evento, o presidente do BNDES avisou a assessores que gostaria de fazer uma declaração rápida à imprensa. Diante dos jornalista­s, afirmou que só falaria se eles garantisse­m que não iriam perguntar na sequência.

Os repórteres rebateram dizendo que ele poderia fazer sua fala mas, em seguida, seria questionad­o. Caso não quisesse responder, bastava dizer que não comentaria, como é o habitual em entrevista.

Montezano chegou a virar as costas e caminhar para a saída da Câmara de Comércio Brasil-EUA, que organizou o evento, quando percebeu que não conseguiri­a escapar dos questionam­entos.

Minutos depois, retornou. “Eu falo com quem garantir que não vai perguntar.”

Após dar a declaração sobre Laloni, ouviu a primeira pergunta: “Isso muda o calendário de privatizaç­ões?”

“Obrigado. Nada muda”, respondeu e saiu.

Diretor de investimen­tos do BNDES, Laloni pediu licença não remunerada na semana passada, depois foi exonerado de forma definitiva pelo conselho de administra­ção.

Ele tentou colocar à venda ações do Banco do Brasil em posse do BNDES, mas o trâmite parou na burocracia do banco, que questionou o rito acelerado da venda.

O diretor também afastou a superinten­dente Luciana Tito e gerou uma revolta dentro do banco. Segundo colegas, ele deixa a instituiçã­o após não conseguir levar adiante seus planos e ficar isolado. MD

Arminio afirma que Brasil vive obscuranti­smo

rio de janeiro | reuters O Brasil vive um momento de “obscuranti­smo” no atual governo e mesmo uma agenda econômica boa não será suficiente para fazer a economia deslanchar, avaliou o economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga.

Para ele, a instabilid­ade política atual deixa o empresário ainda mais cauteloso para investir no país.

“A atitude geral sinaliza um obscuranti­smo e libera energias que não deveriam ser liberadas. É uma coisa mais truculenta e menos tolerante e, no fundo, menos positiva”, disse ele, que também destacou que o governo precisa entender que a economia “não caminha sozinha no vácuo”

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Evaristo Sá - 16.jul.2019/AFP O presidente do BNDES, Gustavo Montezano

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