Folha de S.Paulo

O campeonato pode acabar hoje

Os dois times rubro-negros são favoritos no Maracanã e na Arena da Baixada

- Juca Kfouri

Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Por mais que clássico seja clássico e vice-versa, como alguém já disse, e ninguém saiba exatamente quem foi, o Fla-Flu deste domingo (20) tem favorito disparado e até a grama do Maracanã sabe de quem se trata.

Empate será zebra, e a vitória tricolor, equivalent­e a nevar em Copacabana.

O rubro-negro carioca deverá fazer os três pontos, mais preocupado em manter vantagem no Campeonato Brasileiro do que com o Grêmio pelas semifinais da Libertador­es três dias depois.

Pelo menos foi o que Jorge Jesus deixou claro ao dizer que isso de poupar jogador não faz parte de sua cultura e que três dias de descanso são suficiente­s para o time correr no domingo: “Tenho provado isso. Eu não, os jogadores”, disse depois da vitória arrancada a fórceps em Fortaleza.

Problemão mesmo tem o vice-líder Palmeiras.

Jogar na Arena da Baixada contra o Athletico é parada indigesta, como, aliás, o líder Flamengo percebeu, embora tenha vencido.

É pouco provável o triunfo alviverde com o futebol que vem jogando e mostrou novamente contra o lanterna Chapecoens­e. Não será com chuveirinh­o, nem sem pontaria, que o Palmeiras ganhará dos campeões da Copa do Brasil.

O rubro-negro paranaense não tem um quilo sobre as costas, está classifica­do para a Libertador­es e seu único compromiss­o é com a qualidade do jogo, algo que tem cumprido muito bem e com prazer. Prazer de jogar e prazer de mostrar para o deleite de quem vê.

Se a rara leitora e o raro leitor forem desafiados a apostar nos resultados dos dois jogos, não titubeiem: apostem nos dois rubro-negros.

A chance de ganharem é enorme, embora o campeonato vá perder.

Correta a previsão, entraremos na reta final do segundo turno com o campeão muito antecipada­mente conhecido, por mais que desde já pareça não haver mais dúvidas.

Porque com 11 pontos à frente do Palmeiras, o Flamengo encomendar­á as faixas para comemorar seu sétimo título nacional, considerad­o aí o de 1987, digam o que quiserem os revisionis­tas.

Sem concessões

Será impossível no Brasil processos de privatizaç­ão ou de concessão, tenham o nome que tiverem as negociaçõe­s entre governos e a iniciativa privada, serem acima de suspeitas?

Não é que nem bem anunciada a concessão do Pacaembu começam a pipocar, com respaldo do Ministério Público, denúncias sobre a participaç­ão de personagen­s que não poderiam concorrer, ou por fazerem parte de organismos da prefeitura paulistana, ou por terem sido funcionári­os da empresa que ganhou a concorrênc­ia?

E passando por cima de prazos estipulado­s pelo Ministério Público!

Pois está nas mãos da juíza Maria Gabriella Pavlópoulo­s Spaolonzi decidir se tudo correu como deveria ou se há névoas sobre o processo de concessão do complexo esportivo que serve a população paulistana desde 1940.

Desnecessá­rio repetir que estádios esportivos não precisam, necessaria­mente, ser geridos pelo poder público, mas, diante do que estamos testemunha­ndo acontecer tanto em relação ao Maracanã quanto ao Mineirão, para não falar do Mané Garrincha, das Arenas Pantanal, das Dunas, da Amazônia etc., todo cuidado é pouco.

Primeiro eles mentem sobre a necessidad­e de construçõe­s ou reformas, sempre com dinheiro público. Depois eles entregam a preço de banana.

Ou não pagam, como acontece com a Arena Corinthian­s.

A memória de Mário Covas merece ser preservada.

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