Folha de S.Paulo

Luiz Aquila reafirma vitalidade da pintura com mostra no Rio

- Alice Granato

O percurso até a casa-ateliê de Luiz Aquila, em Petrópolis, na serra fluminense, é sereno, tem espaço e traços marcantes. Convida a entrar e ficar em seu universo colorido. Um bom paralelo com suas obras. As telas do artista sempre encontram um lugar de respiro, de pausa, em meio a tantos movimentos.

Trinta delas, feitas de 2007 até agora, estão ocupando a sala principal do Museu Nacional de Belas Artes, na avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Recém-inaugurada, a mostra “III Milênio - Criação em Aberto”, com curadoria dele e da diretora do museu, Mônica Xexéo, faz um convite a viajar no tempo e no espaço de Aquila.

Carioca de 76 anos, ele vive na serra fluminense há três décadas. “A pintura representa para mim um sentido de afirmação vital”, conta o artista. “Nós pintores usamos um instrument­o arcaico, pauzinhos com pelinhos na ponta, os nossos pincéis, e atravessam­os o tempo com eles.”

Hoje o pouso de Aquila é certo, mas ele viveu fora do Brasil em vários períodos. “Existia uma vontade de transitar”, explica. Essa movimentaç­ão também está refletida nas telas, o ir e vir, sujeito a traços fortes, cores mais e menos intensas, sempre respirando.

“Luiz Aquila pertence a uma geração de artistas com sólida e erudita formação. Disciplina­do e meticuloso, desenvolve na intimidade de seu ateliê as suas obras, a partir de intensa pesquisa de materiais e suportes”, escreveu Mônica Xexéo na apresentaç­ão da mostra.

Filho do artista plástico e arquiteto Alcides da Rocha Miranda, Aquila teve uma criação privilegia­da ao lado de pintores como Portinari e Djanira. O Belas Artes faz parte de sua infância e, por isso, tem um significad­o especial expor ali. “Trazer a arte contemporâ­nea para esses espaços simbólicos é sempre muito bom.”

Com 16 anos “e um vaga ideia de ser pintor”, foi aluno de Aluísio Carvão, no MAM carioca, aprendendo pintura, e de Oswaldo Goeldi, de xilogravur­a, na Escola Nacional de Belas Artes. Sessenta anos depois, com uma consagrada trajetória nas artes plásticas, Aquila se emociona ao entrar em um espaço que estava tão distante.

A exposição traz a expressão de sua pintura. Sua construção diária, sua necessidad­e vital nos traços. Aquila foi chamado pelo crítico de arte Frederico Morais de “herói de sua própria pintura”. E essa é uma revelação a que exposição se propõe a fazer.

Luiz Aquila III Milênio Criação em Aberto Museu Nacional de Belas Artes, av. Rio Branco, 199, Rio de Janeiro. Ter. a sex., das 10h às 18h; sáb. e dom., das 13h às 18h. Até 1º/12. R$ 8

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