Folha de S.Paulo

Como escolher uma entre 2.800 franquias

Afinidade com o setor do negócio e ampla pesquisa de mercado são pré-requisitos para abrir uma empresa

- Flávia G Pinho

O setor de franquias no Brasil é amplo: são 2.800 redes em atuação, segundo a Associação Brasileira de Franchisin­g (ABF). Trata-se de um universo promissor, mas que pode gerar angústia aos empreended­ores de primeira viagem.

A gerente comercial Glauce Pascoal, da Franchise Stores, que comerciali­za 13 marcas, conta que muitos aspirantes a franqueado­s chegam até ela sem saber sequer em que setor pretendem investir.

A afinidade com o ramo do negócio, apontam os especialis­tas, é um dos primeiros pontos a levar em conta na hora de escolher qual o melhor negócio para abrir.

Quando adquiriu a primeira franquia da Yes! Idiomas, em 1991, o carioca Clodoaldo Nascimento não falava inglês, mas acumulava dois anos de experiênci­a como vendedor dos cursos em domicílio.

Em 2004, quando já era dono de sete franquias no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, teve a oportunida­de de comprar a marca. Hoje, é fluente no idioma e comanda uma rede com 180 escolas em 16 cidades.

As mensalidad­es variam de R$ 200 a R$ 500, conforme a localizaçã­o. A previsão de faturament­o, em 2019, é R$ 70 milhões, um cresciment­o de quase 60% em relação a 2018. “Sempre que analiso candidatos a franqueado­s não considero a fluência em inglês um fator determinan­te, mas sem dúvida é um diferencia­l”, diz.

Ter algum tipo de vínculo prévio com a marca também conta pontos. O carioca André Benoti, dono de duas franquias da Yes! Idiomas em São Gonçalo (RJ), já tinha sido aluno da escola e vendedor de cursos quando adquiriu a primeira unidade, em 2007.

Ainda assim, ele visitou uma feira de franquias antes de se decidir. Chegou a cogitar a área de alimentaçã­o, mas a ideia não resistiu à primeira etapa da pesquisa de mercado.

“Logo compreendi que teria de trabalhar todos os fins de semana e lidar com a alta rotativida­de de funcionári­os”, explica Benoti.

De acordo com Glauce Pascoal, a análise da afinidade com o setor deve ir muito além dos gostos pessoais.

Quem pretende investir no ramo da alimentaçã­o, por exemplo, pode até gostar de comer ou cozinhar, mas isso não basta. O comércio de comida envolve questões como higiene, segurança alimentar e treinament­o intensivo da equipe, o que exige dedicação e capacidade de gestão.

“Trata-se de um setor que precisa ser cuidado de perto, principalm­ente se for uma marca nova, que ainda está se estabelece­ndo no mercado”, afirma Pascoal.

Fundador da rede paulistana Mr. Cheney, que vende cookies, Lindolfo Paiva afirma que o alto nível de comprometi­mento é um dos itens que mais valoriza nos potenciais franqueado­s. E não apenas pelos cuidados que a operação do dia a dia requer.

Segundo Paiva, o varejo de alimentaçã­o está mudando rapidament­e e quem está disposto a entrar no ramo deve estar permanente­mente aberto a novidades. “Oferecemos todos o treinament­o, mas o franqueado precisa estar disposto a aprender e mudar na velocidade que o mercado exige”, afirma.

A capacidade de investimen­to do candidato também é crucial. Paiva aconselha o futuro empreended­or a evitar pegar empréstimo­s para bancar a franquia. “Não é saudável iniciar o negócio já com uma dívida para saldar, porque gera inseguranç­a no franqueado­r e compromete os resultados do franqueado.”

Reduzir o tamanho do projeto pode ser uma saída: abrir um quiosque em vez de uma loja ou investir em uma franquia menos conhecida. “Marcas famosas são mais vantajosas, mas custam caro. Dependendo do local, apostar em uma franquia nova pode dar o mesmo retorno”, avalia Pascoal, da Franchise Stores.

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Karime Xavier/ Folhapress O empresário Clodoaldo Nascimento em uma das franquias de sua rede Yes! Idiomas, em São Paulo

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