Folha de S.Paulo

Cresce oferta de empréstimo­s para quem quer abrir um negócio

- Raul Galhardi

A oferta de crédito para franquias tem crescido nos últimos anos, estimulada pelo cenário de juros baixos e cresciment­o das fintechs.

O Santander, por exemplo, aumentou a carteira de crédito para a área em 30% entre agosto de 2018 e o mesmo mês deste ano. Já o Bradesco aumentou em 12% o dinheiro disponível para esses empresário­s no primeiro semestre de 2019, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Cada um dos bancos disponibil­iza R$ 1 bilhão por mês para o segmento.

A maioria dos empréstimo­s, segundo Antonio Gualberto Diniz, diretor de comerciali­zação de produtos e serviços do Bradesco, vai para marcas nas áreas de alimentaçã­o, educação, saúde e beleza. E boa parte dos empreended­ores quer o dinheiro para abrir seu negócio.

“O setor de franquias se expande e é muito bem estruturad­o. Há um controle forte por parte dos franqueado­res, o que torna a concessão de crédito menos arriscada.”

O empresário Rodrigo Dias, franqueado da rede de restaurant­es Boali, apelou para o banco do qual já era cliente, o Itaú, para conseguir o montante necessário para abrir sua loja na avenida Paulista. Ele chegou a pesquisar em outras instituiçõ­es tradiciona­is, mas esbarrava na lista de requisitos e na exigência de ser correntist­a.

Acabou aceitando as condições do seu banco, que não eram as mais vantajosas do mercado, segundo ele. Pegou R$ 100 mil, metade do necessário, a serem pagos em 48 parcelas, com juros mensais de 2,1%. O BNDES, por exemplo, ofereceu juros de 1%, mas só liberava R$ 20 mil.

Além da oferta de crédito, a procura por capital também cresceu. Uma pesquisa realizada pela ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital) com 43 organizaçõ­es do ramo mostrou que as startups do setor financeiro, as chamadas fintechs, receberam 276 mil pedidos de crédito de pessoas jurídicas em 2018. Esse número é 6,5 vezes maior do que no ano anterior.

O total de crédito concedido pelas fintechs passou de R$ 804 milhões em 2017 para R$ 1,195 bilhão em 2018.

Uma delas é a Kavod Lending, que atua em empréstimo­s coletivos e possui mais de 80% dos seus clientes na área de franchisin­g.

A empresa oferece uma linha de crédito de R$ 50 mil a R$ 1 milhão, com prazo de 24 meses e taxa de 1,2% ao mês.

Para seu fundador, Renato Douek, a principal vantagem das fintechs é a burocracia reduzida. A Kavod costuma aprovar pedidos de empréstimo em 30 a 45 dias, contra 60 dias, em média, dos bancos.

Outro caminho são os empréstimo­s diretos coma franqueado­ra. Foi oque fezChrist ian Carlos Per in, do node uma loja da rede Escola do Mecânico, em São Paulo.

O empresário, que já trabalhava no ramo de reparação automotiva, sempre quis abrir uma franquia, mas não conseguiu juntar o dinheiro. Ele tentou primeiro o Banco do Brasil, que rejeitou o pedido alegando que a rede era muito nova, com menos de três anos de existência à época.

Perin buscou a franqueado­ra. Por ser uma rede nova, em busca de expansão, consegui uR $100 mil, o equivalent­e a 50% do valor necessário para a aberturada loja, com taxa de 5% ao ano, muito menor do que a praticada no mercado.

Especialis­tas alertam, porém, que o empréstimo deve ser evitado a todo custo por quem busca o capital necessário para abrir um negócio.

“Começar en divida doéo pior caminho. É melhor vender bens para conseguir o dinheiro ou mudar de rota e buscar uma franquia que caiba no orçamento”, diz Marcus Rizzo, especialis­ta em franchisin­g do Franchise College.

Senão houver saída, arec om endaçãoé financiar no máximo 20% do valor total do investimen­to necessário, afirma AnaVecchi,p residente executiva da consultor iaque leva seu nome.

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Zanone Fraissat/Folhapress O empresário Rodrigo Dias na sede de seu restaurant­e Boali, em São Paulo

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