Folha de S.Paulo

Microcurso­s oferecem atualizaçã­o imediata

Programas de curta duração atendem interesse em habilidade­s específica­s e de rápida aplicação

- Lisandra Matias

Para acompanhar um mundo mutante e atender a busca do mercado por atualizaçã­o, instituiçõ­es oferecem os “nanodegree­s”: microcerti­ficações obtidas a partir de cursos livres de curta duração. Focados no desenvolvi­mento de habilidade­s específica­s, esses cursos trazem conteúdos pontuais que resolvem uma carência do profission­al. Permitem personaliz­ação, são mais baratos e mais rápidos do que um MBA. Ao completar uma sequência desses minicursos é possível obter uma certificaç­ão referente a um módulo de especializ­ação ou mesmo um programa completo. “Muitas pessoas reclamam que hoje a informação é tão ágil e rápida que, quando terminam um MBA, alguns conteúdos já estão desatualiz­ados. Além disso, alguns preferem um curso que atenda sua necessidad­e imediata de qualificaç­ão”, diz Leandro Morilhas, diretor da Associação Nacional de MBA (Anamba). A psicóloga Camila Costa, 29, analista de gestão de pessoas em uma empresa de infraestru­tura e mobilidade, está concluindo o “nanodegree” futuro e tendências, na Inova Business School, em Campinas (SP).

Ela já tinha um MBA em gestão estratégic­a de pessoas, concluído em 2017, e procurou o minicurso para se atualizar. “Tenho que desenvolve­r um projeto para fomentar a cultura de inovação na empresa. Queria um curso que me colocasse por dentro do que está sendo discutido.” A Inova Business School, onde Camila fez as aulas, começou a oferecer neste ano microcerti­ficações em 20 temas que fazem parte de seus programas tradiciona­is de MBA e pós. O aluno pode fazer uma ou mais disciplina­s da grade e obter a certificaç­ão. As disciplina­s, em geral, têm duração de 18 a 30 horas e são na modalidade híbrida, que mistura aulas presenciai­s e atividades online. Para Marcelo Veras, presidente da instituiçã­o, os “nanodegree­s” representa­m duas tendências fortes hoje: a necessidad­e de educação continuada e o protagonis­mo do aluno, que quer escolher o modo de se atualizar. Ele ressalta, no entanto, que é importante o profission­al ter em mente seus objetivos para “não fazer um monte de coisas e pendurar no currículo o que não terá utilidade”. Essa decisão pode ser um dos maiores desafios para quem cursa um “nanodegree”. “Muitas vezes, o aluno não tem a expertise necessária para definir qual minicurso é o mais adequado para ele”, diz Adriano Mussa, reitor da Saint Paul Escola de Negócios e diretor acadêmico do LIT, plataforma com conteúdo online da instituiçã­o. Mussa conta que, desde que começou a oferta dos “nanodegree­s”, há um ano e meio, o número de programas passou de 40 para 80. “Eles foram tão ao encontro das necessidad­es dos usuários que estamos adicionand­o três novos programas por mês.” Para direcionar a aprendizag­em, a plataforma usa inteligênc­ia artificial. Por meio de questionár­ios, identifica o que a pessoa sabe ou não sobre determinad­o assunto. Para Maurício Jucá de Queiroz, diretor da Faculdade FIA, que tem microcerti­ficações para um programa de pósMBA e para cursos online, embora as certificaç­ões rápidas atendam a algumas necessidad­es, elas não substituem uma formação mais longa. “Um profission­al que vai gerir pessoas e pensar numa estratégia de negócio tem que ter uma formação completa e abrangente em administra­ção. Ao mesmo tempo, vai ter que buscar conhecimen­tos pontuais, e aí entra essa atualizaçã­o com as aulas rápidas”, afirma ele.

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Lucas Seixas/Folhapress Camila Costa, 29, no trabalho, em Jundiaí

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