Facebook pede trégua a provedores de conteúdo em plataforma de notícias
Serviço Facebook News oferecerá conteúdos de jornais e portais e terá seleção feita por jornalistas
the new york times O Facebook e o setor de notícias são amigos e inimigos há muito tempo. Ocasionalmente se unem, mas em geral competem. Agora, os dois lados chegaram a uma trégua inquieta.
Nesta sexta (25), o Facebook revelou o Facebook News, sua mais recente incursão ao mundo do conteúdo noticioso digital. O produto é nova seção do app da rede social para aparelhos móveis, dedicada ao conteúdo noticioso e uma aposta para trazer de volta ao site usuários interessados em consumir notícias sobre esporte, entretenimento, política e tecnologia.
O Facebook News oferecerá reportagens de uma série de publicações, entre as quais The New York Times, The Wall Street Journal e The Washington Post, bem como de veículos noticiosos digitais a exemplo do BuzzFeed e do Business Insider. Algumas reportagens serão escolhidas por uma equipe de jornalistas profissionais, e outras serão enquadradas aos interesses dos leitores por meio da capacidade de aprendizado por máquina desenvolvida pelo Facebook.
“Sentimos uma aguda responsabilidade porque evidentemente existe a consciência de que a internet desordenou o modelo de negócios do setor noticioso”, disse Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook. “Nós descobrimos uma nova maneira de agir, e acreditamos que ela será melhor e mais sustentável.”
O Facebook pagará por conteúdo de dezenas de provedores de notícias —em alguns casos, assinando acordos no valor de milhões de dólares—, e obterá notícias locais de provedores de conteúdo de menor porte em mercados como Dallas-Fort Worth, Miami e Atlanta.
“Mark Zuckerberg parece ter assumido compromisso pessoal e profissional de garantir que o jornalismo de alta qualidade tenha um futuro viável e valioso”, disse Robert Thomson, presidente-executivo da News Corp, em comunicado. “É apropriado que o jornalismo de qualidade seja reconhecido e recompensado.”
O relacionamento entre Facebook e provedores de conteúdo sofreu desgastes. Porque Facebook e Google dominam a publicidade online, abocanhando até 80% da receita que ele gera, os provedores de conteúdo veem os gigantes da tecnologia como obstáculos à sua expansão digital.
O Facebook já cortejou os provedores de conteúdo com diferentes iniciativas jornalísticas, como os “Instant Articles” —produto no qual os provedores de conteúdo forneciam reportagens para circulação exclusiva no Facebook— e no Facebook Live, que pagava para que redações jornalísticas contratassem jornalistas a fim de usar e promover produtos de vídeo da rede social.
Mas esses relacionamentos se amargaram com as frequentes mudanças de estratégia do Facebook, que levavam os provedores de conteúdo a se sentirem prejudicados pela rede social, que abandonava seus planos originais.
Após promover parcerias para projetos de vídeo, por exemplo, o Facebook não renovou os acordos quanto a vídeo com provedores de conteúdo, e os efeitos foram catastróficos. A Mic, produtora de conteúdo digital cujo objetivo era atender à geração millennial, sempre sedenta por notícias, foi forçada a se vender por um valor irrisório quando seus contratos de vídeo com o Facebook não foram renovados por decisão unilateral.
Zuckerberg reconheceu a tensão entre o Facebook e os provedores de conteúdo. E disse que as experiências passadas orientaram sua abordagem atual. “Não estamos falando de algo efêmero”, ele disse sobre novas parcerias com os grupos noticiosos. “É por isso que os acordos que estamos estruturando são compromissos de longo prazo, não por dois meses, mas por um ano ou múltiplos anos.”
Ele disse crer ter chegado “a uma fórmula, ao longo de todas essas conversas, sob a qual agora podemos pagar por conteúdo de forma sustentável”.
O novo esforço do Facebook News é dirigido por Campbell Brown, veterana jornalista de TV que cobriu política nas redes NBC e CNN antes de ir para o Facebook como vice de parcerias noticiosas.
A maior parte das dificuldades financeiras das empresas de notícias pode ser atribuída a uma virada na direção da publicidade digital, que não compensou a perda de receita publicitária em mídia impressa.
Ainda que os gigantes da tecnologia não sejam o único motivo para que as receitas dos provedores de conteúdo tenham caído, mesmo pequenas mudanças nos algoritmos do Facebook têm efeito desproporcional sobre o tráfego de sites noticiosos. Assim, quando provedores de conteúdo desenvolviam estratégias especiais para o News Feed do Facebook, o tráfego de seus sites despencava quando o Facebook mudava de rumo.
Em carta enviada ao jornal The New York Times, o presidente-executivo Mark Thompson, e a sua vice de operações, Meredith Kopit Levien, descreveram o Facebook News como “mudança de passo no relacionamento financeiro entre a empresa e as plataformas digitais”.
“Argumentamos há muito tempo que as grandes plataformas derivam valor substancial da presença de jornalismo de alta qualidade e que deveriam ajudar a apoiar o lado econômico daquilo que torna o jornalismo possível”, eles escreveram.
Os dois executivos do The New York Times disseram que o viam como complementar, e não competitivo com, ao seu objetivo de expandir as assinaturas digitais do grupo a 10 milhões até 2025. O Times tem 4,7 milhões de assinantes.
O Facebook não está sozinho em optar por dar maior destaque a reportagens. No mês passado, o Google anunciou priorizar artigos que divulguem notícias inéditas ou a serviços que invistam em reportagens originais.
O Google diz que destacar reportagens originais tornaria mais provável que os usuários confiassem e continuassem a usar o gigante das buscas.
Em março, a Apple lançou serviço pago de assinatura de notícias, o Apple News Plus, que oferece artigos de provedores de conteúdo por US$ 10 (R$ 40) ao mês. Mas muitos grupos noticiosos rejeitaram a Apple, que exigia 50% de comissão sobre as assinaturas. Ainda que a News Corp tenha aceitado a parceria com a Apple, outras empresas —como TheNewYorkTimese TheWashington Post— não o fizeram.
Com o Facebook News, a rede social disse que desejava evitar erros de seus produtos noticiosos do passado, que dependiam demais de sugestões geradas por algoritmos, sem seleção por jornalistas.
“As pessoas querem e se beneficiam de experiências personalizadas no Facebook, mas existem trabalhos de reportagem que transcendem a experiência individual”, afirmou Brown. “Queremos apoiar as duas coisas.”
“Sentimos responsabilidade uma aguda porque evidentemente existe a internet consciência desordenou de que a o modelo de negócios do setor noticioso. Nós descobrimos uma nova maneira de agir, e acreditamos que ela será melhor e mais sustentável Mark Presidente-executivo Zuckerberg do Facebook
“Zuckerberg parece ter assumido compromisso pessoal e profissional de garantir que o jornalismo de alta qualidade tenha um futuro viável e valioso Robert Thomson Presidente-executivo da News Corp