Folha de S.Paulo

Água manchada

- Com Filipe Oliveira e Mariana Grazini Joana Cunha painelsa@grupofolha.com.br

Neste ano em que o Brasil enfrenta o maior desastre ambiental de sua história com o vazamento de óleo de origem desconheci­da no Nordeste, o país lida com outros recordes negativos na área. A Petrobras vai fechar 2019 com o maior patamar de multas por infrações ambientais diversas aplicadas pelo Ibama nos últimos cinco anos. De janeiro a outubro, a estatal brasileira recebeu 316 autuações do órgão, número que já supera as 311 que acumulou em todo o ano passado.

CALCULADOR­A Desde 2015, a estatal foi autuada 765 vezes. Somadas, as multas alcançam R$ 274 milhões em infrações. Só 40% delas, aproximada­mente, são classifica­das pelo Ibama como quitadas e somam R$ 11,8 milhões.

ESCALA Individual­mente, a maior multa do período analisado, de R$ 35 milhões, foi registrada em agosto, segundo levantamen­to feito pela coluna com dados públicos no site do Ibama. As três penalidade­s seguintes mais caras também acontecera­m em 2019.

A PAGAR As 456 multas não quitadas, segundo o Ibama, são classifica­das em diferentes categorias. Algumas estão em processo na Justiça, outras foram notificada­s e aguardam pagamento ou recurso. Também há casos de cobrança judicial e até prescrição ou baixa, entre outras situações.

OUTRO LADO Procurada, a Petrobras afirma que “adota as melhores práticas de gestão ambiental” e que tem “respeito à vida, às pessoas e ao ambiente”. Em nota, diz que “apesar das medidas preventiva­s, caso ocorram incidentes, de imediato são verificada­s as causas e usados todos os recursos para a mitigação”.

PORTE A Petrobras anunciou na quinta (24) o resultado do terceiro trimestre, com lucro de R$ 9,1 bilhões, alta de 36,8% com relação ao mesmo trimestre do ano passado.

ONDA O governo Bolsonaro aponta a Venezuela como origem do vazamento do óleo no litoral do Nordeste. Análise de coletas feitas pela Universida­de Federal da Bahia chegou a conclusão semelhante.

ESTRATÉGIA Líderes de grandes entidades setoriais estão divididos sobre qual deve ser a estratégia para combater as ameaças de uma eventual saída brasileira do Mercosul.

CARTUCHO Uma parte diz que é hora de despejar sobre o governo dados que apontem consequênc­ias trágicas. Mas há quem considere mais adequado guardar os argumentos, para não esgotar a munição, caso a intenção evolua.

DESAVENÇA Quando o IPO da empresa de saneamento Iguá voltou para a gaveta há poucas semanas, o que se disse no mercado foi que um desacordo entre investidor­es e a empresa teria postergado o processo. Quem conhece o assunto por dentro, no entanto, diz que o conflito entre a Socopa e o IG4 Capital foi mais grave.

PANOS QUENTES Procuradas pela coluna, a Iguá e a IG4 Capital não se manifestar­am. A Socopa diz que o assunto deve ser tratado em assembleia e que não conhece a questão.

APOSENTADO­RIA O mercado de trabalho se prepara para a longevidad­e profission­al. A Mature Jobs, empresa especializ­ada em vagas para quem tem mais de 50 anos, lançou uma plataforma para que o público do site ofereça serviços como freelancer.

PELO CANO A Aesbe (associação de empresas de saneamento estaduais) procurou Geninho Zuliani, relator do Marco do Saneamento, que será votado nesta semana, para pedir tempo. Segundo a entidade, é preciso dar mais prazo antes de extinguir os contratos feitos sem licitação, conforme prevê o projeto.

PONTO FINAL Procurado pela coluna, Zuliani afirma que não haverá alteração e que a questão é inegociáve­l.

CONTRAMÃO A logística reversa vai esquentar a pauta da reunião do Consema (conselho paulista do ambiente), na quinta (31). No encontro anterior, houve indignação porque uma empresa de reciclagem disse que faltam pneus usados para processar, enquanto os municípios se queixam do descarte indevido.

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