Para ter gol do Gabigol, atleta adota dieta restrita e nova rotina
FLAMENGO CSA
19h, no Maracanã Na TV: pay-per-view
O atacante Gabriel Barbosa, 23, conhecido como Gabigol, está perto de alcançar um feito realizado por poucos. Somente Dadá Maravilha, em 1971 e 1972, e Túlio, em 1994 e 1995, foram artilheiros do Campeonato Brasileiro por dois anos consecutivos após a criação da competição em 1971.
Em 2018, o então atacante santista liderou a artilharia do torneio com 18 gols. Neste ano, já marcou 19 vezes em 27 rodadas pelo Flamengo. Neste domingo (27), o líder enfrenta o CSA, às 19h, no Maracanã.
Ao chegar ao clube carioca, Gabigol prometeu a si mesmo que mudaria vários de seus hábitos para evoluir, especialmente os alimentares.
Em janeiro, ele procurou o médico Eduardo Rauen, nutrólogo que atende vários atletas de elite e o técnico Tite. Segundo
Rauen, o atacante inicialmente ficou amedrontado com a rigidez da dieta, que entre outras coisas só autoriza suco se for de limão.
Assim que mudou para o Rio de Janeiro, Gabigol deu início à reeducação alimentar quando ainda morava em um hotel. Após montar sua casa, na Barra da Tijuca, contratou uma cozinheira para seguir o cardápio recomendado.
Pela manhã, no máximo dois ovos e mamão com aveia. No almoço e jantar, proteínas (frango ou peixe), legumes refogados e salada com azeite, limão e sal. Arroz, somente integral. “Ele precisou abrir mão de doces em geral. Adorava bolos”, afirma Rauen.
Desde então, o atleta de 77 kg não perdeu peso, mas mudou sua composição corporal. O percentual de gordura baixou de 13,9% para 9%. “Ele foi extremamente regrado. Em um dia de folga, mandou uma foto, na praia, comendo frango e salada”, conta o médico.
Após os jogos, Gabigol é acompanhado em sua casa pelo fisiologista Alex Evangelista. No local reúne aparelhos de drenagem linfática, eletromiografia (que estimula os músculos), colete de eletroestimulação muscular (que exercita 300 músculos ao mesmo tempo), entre outras tecnologias de recuperação física.
Evangelista foi contratado por Gabigol há dois meses. Ele e Rauen recebem salários do próprio atleta, não do clube. “Tem dias em que ele volta do jogo com muito sono e, enquanto dorme, realizamos o processo de eletroestimulação para prevenir ou amenizar dores do corpo”, diz.
Gabigol divide a função de balançar as redes e o status de protagonista do elenco principalmente com o companheiro de ataque Bruno Henrique (autor de 12 no Brasileiro) e o meia Arrascaeta (que fez 10 no torneio), mas é dele a imagem mais associada ao momento especial vivido pela equipe.
“Hoje tem gol do Gabigol” virou frase espalhada em cartazes na torcida, redes sociais e até comércios do Rio de Janeiro. O próprio atacante já pegou o cartaz para comemorar seus gols e também usou a Língua Brasileira de Sinais para expressar a frase.
“O Gabriel tinha a fama de ser marrento, mas entendeu que não precisa reclamar o jogo todo, dar soco no ar. Ele virou a chave e está ditando tendência”, diz Júnior Pedroso, seu empresário. “Ele subiu muito novo para o profissional, com 16 anos. Por mais que tenha apoio dos pais, ele errou até aprender.”
A carreira do atleta foi arquitetada pelo pai, Valdemir Silva Almeida. Nascido no dia 30 de agosto de 1996 em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Gabigol começou no Santos aos 11 anos. Se firmou entre os profissionais em 2014, quando foi o artilheiro do Santos no ano, com 21 gols.
Comprado pela Inter de Milão por R$ 98 milhões em 2016, o atacante fez só dez jogos e marcou um gol. Emprestado para o Benfica, participou de cinco partidas e também balançou as redes uma única vez.
O jogador está emprestado até o fim deste ano, quando o Flamengo precisará desembolsar bastante dinheiro para continuar comemorando os gols do Gabigol.