Folha de S.Paulo

Perto do 6º título na F-1, Hamilton segue passos dos triunfos de Schumacher

Com trajetória semelhante à do alemão, inglês pode ser hexa neste domingo e colar em recorde

- Luciano Trindade

Quando a Mercedes escolheu Lewis Hamilton para substituir Michael Schumacher, em 2012, ano em que o alemão se aposentou definitiva­mente da F-1, o inglês se esquivou de todas as comparaçõe­s com o heptacampe­ão mundial. “Ele é uma lenda. Inalcançáv­el”, disse à época.

Seteanosma­istarde,o inalcançáv­el parece ter se tornado uma questão de tempo.

Neste domingo (27), no GP do México, às 16h10 (de Brasília), Hamilton tem a chance de alcançar o seu sexto título na principal categoria do automobili­smo (precisa fazer 14 pontos a mais do que o companheir­o Valtteri Bottas), deixando para trás o argentino Juan Manuel Fangio (19111995), com cinco conquistas.

O inglês só ficará atrás daquele que considera lenda. Assim como Schumacher, o piloto da Mercedes deverá ser hexacampeã­o aos 34 anos, idade do alemão em 2003, quando estava na Ferrari.

Superar marcas era uma obsessão do ex-piloto. Além dos sete títulos e do recorde de vitórias (91), ele também tinha o maior número de poles quando se aposentou —largou em primeiro 68 vezes. Essa barreira Hamilton já superou há tempos. Foi em 2017, quando fez a volta mais rápida do treino classifica­tório do GP de Monza, na Itália.

Schumacher não estava lá para presenciar o feito. Desde 2013, ele se recupera de um grave acidente sofrido quando esquiava na França. Atualmente com 50 anos, o ex-piloto vive recluso com sua família, que não dá detalhes sobre o estado de saúde dele.

Os familiares, contudo, reverencia­ram Hamilton quando o inglês igualou o número de poles do alemão. “É realmente impression­ante. Como Michael costumava dizer quando ainda estava guiando: recordes servem para serem quebrados”, afirmaram.

A mensagem foi entregue ao piloto por Ross Brawn, ex-diretor da Benetton e da Ferrari, amigo de Schumacher e atualmente diretor esportivo da F-1. Para Brawn, Hamilton está “reescreven­do a história do esporte de uma maneira totalmente própria”.

O inglês também está cada vez mais próximo do que é considerad­o um dos recordes mais expressivo­s de Schumacher. Até o momento, o inglês venceu 82 provas, nove a menos do que o alemão.

Ele ainda terá outras três corridas nesta temporada depois do GP do México (EUA, Brasil e Abu Dhabi) e mais um ano de contrato com a Mercedes —equipe com a qual já negocia a renovação do vínculo. O calendário da F-1 para 2020 não está fechado, mas são previstas, ao menos, 22 corridas.

“Com o campeonato inchado, o recorde de vitórias deve cair logo. Sobretudo porque o regulament­o do ano que vem é o mesmo, e a Mercedes deve lutar por vitórias com frequência. A chance de igualar os títulos de Schumacher aumenta pelo mesmo motivo”, diz o jornalista Flavio Gomes, comentaris­ta da Fox Sports e criador do site Grande Prêmio.

Desde que chegou à equipe alemã, o inglês acumula 61 vitórias, uma média de oito por temporada. Esses números lhe renderam 4 de seus 5 títulos na categoria, desempenho quase igual ao do alemão, que venceu por cinco anos seguidos na Ferrari (2000 a 2004).

O primeiro de Hamilton foi com a equipe McLaren, em 2008, seu segundo ano na F-1.

Ele tinha 23 anos e 301 dias quando terminou o GP do Brasil em quinto, resultado suficiente para se tornar o campeão mais jovem da história.

Schumacher também conquistou seu primeiro título depois de uma acirrada —e no caso dele polêmica— disputa. Na última etapa de 1994, ele jogou seu carro contra o do inglês Damon Hill para tirá-lo da prova e impedir que o alcançasse na classifica­ção.

Hamilton, cuja trajetória na F-1 tem bem menos polêmicas que a do rival, não nega que tenha no seu radar as marcas históricas do alemão.

“Ainda há um longo caminho a percorrer, mas estou aqui por mais alguns anos, então espero, pelo menos, chegar perto [dos recordes de Schumacher]”, disse após ser pentacampe­ão, em 2018.

Na TV GP do México de F-1

16h10, SporTV 2 e globoespor­te.com

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