Bruno Covas tem câncer, e Prefeitura de SP é dilema
Tucano diz que fica no cargo durante quimioterapia; legislação para caso é vaga
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), 39, recebeu diagnóstico de câncer no trato digestivo com metástase no fígado e terá que passar por quimioterapia. Aos médicos declarou que fica no comando da cidade enquanto for possível.
Covas foi internado na quarta (23) no Sírio-Libanês com erisipela. Após registros de trombose venosa e tromboembolismo nos pulmões, investigação mostrou no domingo (27) o tumor, um “achado de sorte”, segundo o médico David Uip.
O prefeito não apresentava sintomas clássicos da doença, mantinha rotina saudável e não tem histórico familiar de câncer no aparelho digestivo —seu avô, Mario Covas, ex-governador de São Paulo, morreu em 2001 em decorrência de tumor na bexiga.
Se Covas for obrigado a se afastar, o presidente da Câmara de Vereadores, Eduardo Tuma (PSDB), assume o posto. Após 30 dias, haveria um pleito indireto, mas a legislação é vaga sobre o tema.
O cenário afeta também a eleição de 2020.
são paulo O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), 39, recebeu diagnóstico de câncer no trato digestivo com metástase e terá que passar por quimioterapia. O quadro foi divulgado nesta segundafeira (28) em entrevista coletiva no hospital Sírio-Libanês.
Covas não deve se afastar do cargo a princípio. Aos médicos, ele disse que tem a responsabilidade de ficar no comando da prefeitura enquanto possível e que terá a responsabilidade de deixar o cargo se precisar.
O adenocarcinoma está localizado em um esfíncter na junção entre o esôfago e o estômago —chamado cárdia—, e se expandiu para lesões no fígado e nos linfonodos. De acordo com a equipe médica, há apenas uma metástase no fígado.
“Nunca vi um diagnóstico tão precoce”, afirmou o infectologista David Uip, que tem acompanhado o tratamento do prefeito. A equipe que avalia Covas também conta com o cardiologista Roberto Kalil Filho, os oncologistas Túlio Pfiffer, Artur Katz e o cirurgião gástrico Raul Cutait.
Uip definiu como um “achado de sorte” o fato de terem encontrado o câncer após exames para investigar caso de tromboembolismo nos pulmões de Covas.
Questionados sobre a agressividade do câncer, médicos afirmaram que o fato de um tumor pequeno ter comprometido outro órgão mostra uma situação traiçoeira.
“Não existe um ranking de agressivo ou não para tumores. Podemos dizer que a doença foi algo traiçoeira. Não trouxe nenhum sintoma local. A primeira manifestação foi a trombose. Do ponto de vista sistêmico, a doença está localizada”, disse Artur Katz, oncologista do Sírio-Libanês.
Covas passaria pela primeira sessão de quimioterapia entre segunda e terça-feira (29). Esse tratamento normalmente é ambulatorial, mas o prefeito permanecerá internado ao menos até sexta-feira (1º) devido à embolia pulmonar.
Os médicos responsáveis pelo tratamento do prefeito afirmam que em um período de seis a oito semanas eles poderão avaliar a eficácia ou não do tratamento quimioterápico. Ele passará por três sessões de quimioterapia e não está descartada uma eventual cirurgia após esse período.
De acordo com David Uip, o tucano está muito confiante, animado e disposto, o que deve ajudar no tratamento.
Covas tem procurado cuidados médicos desde sábado (19), quando se sentiu mal, passou pelo pronto-socorro do hospital Albert Einstein e começou a fazer tratamento com antibióticos.
Como o resultado não foi o esperado, ele se dirigiu ao Sírio-Libanês na quarta-feira (23), quando recebeu o diagnóstico de erisipela na perna direita.
A erisipela consiste em infecção de pele causada por bactérias que penetram através de pequenos ferimentos, como picadas de inseto, frieiras e micoses. Por recomendação de David Uip, o prefeito foi internado.
Entre o dia 19 e a internação, Covas resistiu à recomendação de desacelerar o dia a dia na prefeitura. O tucano manteve a mesma rotina, despachando e participando de atos públicos.
Um dos últimos compromissos dele aconteceu na própria quarta, quando participou de ato de sanção de alteração de lei relacionada ao Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano) que permitirá à prefeitura o lançamento de um programa habitacional para a parcela da população que ficou sem alternativas após os cortes anunciados pelo governo federal no Minha Casa Minha Vida.
No dia da internação, a perna do prefeito estava inflamada, e a panturrilha dura, o que sugeria uma trombose venosa profunda, confirmada por uma tomografia.
Exames posteriores diagnosticaram um tromboembolismo nos dois pulmões — quando um coágulo se desloca de alguma região do corpo para o pulmão.
Do hospital, ele manteve contato com o secretariado, tanto por telefone quanto pessoalmente. Covas também continuou atualizando sua conta no Instagram —inclusive com postagens sobre assuntos alheios à sua saúde, como a divulgação de novos dados de despesas no Portal da Transparência.
Após um exame pet scan, veio o diagnóstico de um tumor no trato digestivo, que foi divulgado no domingo (27).
A descoberta surpreendeu a equipe médica, porque o prefeito em nenhum momento apresentou sintomas clássicos de um câncer no aparelho digestivo, como perda de peso (é o mesmo há dois anos).
Bruno Covas cuida da saúde, faz academia cinco vezes por semana e não tem histórico familiar de câncer nessa região. O avô dele, Mario Covas, ex-governador de São Paulo, morreu em 2001 em decorrência de um câncer na bexiga.
Pessoas próximas ao prefeito afirmam que o diagnóstico o assustou, mas que nesta segunda ele já estava despachando novamente com auxílio de um tablet.
Covas deu ordem para que a programação da prefeitura fosse mantida normalmente, incluindo inaugurações, mesmo que ele não possa comparecer. Nesta terça, por exemplo, haverá reunião logo pela manhã, com a presença de todos os secretários municipais, para que as orientações do prefeito sejam repassadas.
Nesta segunda, Covas escreveu sobre o assunto em suas redes sociais. “Não tenho dúvidas de que vou vencer esse desafio. Quero agradecer as centenas de mensagens que tenho recebido de inúmeras pessoas. Ajuda muito a atravessar a tempestade.”