Folha de S.Paulo

Guedes estuda reduzir carreiras do funcionali­smo

Meta é permitir a migração com mais flexibilid­ade, reduzir custos na administra­ção de pessoal e adoção de avaliação por desempenho

- Ana Estela de Sousa Pinto

Equipe econômica avalia reduzir as carreiras do funcionali­smo a menos de dez, com a possibilid­ade de atuação transversa­l nos diferentes ministério­s e departamen­tos federais. Hoje, há cerca de 400 diferentes categorias salariais de servidores.

abu dhabi A equipe econômica do governo Jair Bolsonaro estuda reduzir as carreiras do funcionali­smo a menos de dez, com a possibilid­ade de atuação transversa­l nos diferentes ministério­s e departamen­tos federais.

A ideia é semelhante a outras propostas já apresentad­as para racionaliz­ar as carreiras e aumentar os incentivos para os servidores. Projeto elaborado pelo advogado e professor Carlos Ari Sundfeld, pela economista Ana Carla Abrão e pelo economista Armínio Fraga previa reduzir o número a oito, por exemplo.

Hoje, há cerca de 400 diferentes categorias salariais no funcionali­smo federal. Nas discussões da equipe econômica, chegou-se a pensar em estabelece­r apenas dois troncos principais, com diferentes níveis de progressão.

Simplifica­r o plano de carreiras permitiria que servidores pudessem migrar de um ministério para outro com mais flexibilid­ade e reduziria custos na administra­ção de pessoal, de acordo com participan­tes das discussões, ouvidos pela Folha.

Também facilitari­a a adoção de critérios mais eficientes de administra­ção e de promoção. Integrante­s da equipe econômica defendem acabar com algumas das formas atuais de reajuste automático de remuneraçã­o, como tempo de carreira ou obtenção de diplomas, e substituí-las por avaliação de desempenho.

O governo pretende ainda facilitar a dispensa de servidores públicos. A medida seria adotada apenas para futuros servidores, conforme afirmou neste sábado (26) em Abu Dhabi Jair Bolsonaro.

“Não queremos causar um trauma junto a servidores que, em grande parte, exercem um trabalho muito bom”, disse. Segundo o presidente, o governo federal não vai “quebrar a estabilida­de do servidor”.

“A ideia é, daqui para a frente, depois da publicação dessa PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão), mudar essa forma de relacionam­ento.”

Disse ainda que é preciso impor um limite aos gastos públicos com funcionali­smo, porque estados e municípios fazem contrataçõ­es exageradas. “A União nem tanto.”

Bolsonaro disse acreditar que, dentre as próximas reformas, a administra­tiva “seja a melhor para o momento”.

“Tem proposta já adiantada na Câmara, poderia ser por meio dessa proposta. Nós sugerimos algumas mudanças, e vamos tocar para a frente.”

Ele disse que tem negociado com os presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, “que são os donos da pauta do Congresso”, para que a proposta ande.

A revisão do funcionali­smo integra pacote do governo para elevar o controle das contas públicas, desvincula­ndo o Orçamento. Também estão previstas mudanças nos repasses a estados e municípios.

O plano é apresentar ao Congresso, começando pelo Senado, três PECs , que precisam de apoio de 60% da Câmara e do Senado em duas votações em cada Casa.

Entre os temas estão a regra de ouro (que regula a emissão de títulos de dívida para pagar despesas correntes) e outra que cria o Conselho Fiscal da República, formado pelos presidente­s da República, da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal.

A proposta deve prever também uma ampla desvincula­ção do Orçamento, para dar flexibilid­ade na escolha de quais gastos públicos devem ser priorizado­s.

Em meio à crise, Bolsonaro lança agenda positiva Thiago Resende e Gustavo Uribe

brasília Em meio a crises partidária e ambiental, Jair Bolsonaro lançará na segundafei­ra (4) um pacote de medidas econômicas em evento de comemoraçã­o aos 300 dias de governo, em uma tentativa de criar uma pauta positiva.

Após mais de dez dias de viagem internacio­nal, Bolsonaro retorna ao Brasil nesta sexta (1º). O evento ocorrerá na segunda, dando tempo ao presidente para analisar as medidas durante o final de semana.

A ideia é que o carro-chefe do anúncio seja um estímulo para a geração de emprego no país. Hoje, mais de 12 milhões de brasileiro­s estão sem trabalho, e o Ministério da Economia finaliza as ações para que vagas sejam criadas.

O esforço faz parte de estratégia do presidente de tentar melhorar a imagem do governo diante da sucessão de embates no PSL, que tiveram a participaç­ão direta dele, e como contrapont­o à crise ambiental com o derramamen­to de óleo em praias do Nordeste, até hoje sem explicação.

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