Folha de S.Paulo

Dólar fecha abaixo de R$ 4 pela primeira vez desde 15 de agosto

Cenário externo favorável e otimismo com reforma levam a Bolsa brasileira a fechar o dia com pontuação recorde

- Júlia Moura

são paulo Com cenário externo favorável, o dólar caiu 0,4% nesta segunda-feira (28) e foi a R$ 3,99, menor valor desde 15 de agosto. A moeda americana perdeu 14 centavos de real desde o último passo da reforma da Previdênci­a no Congresso, na última terça (22).

A aprovação do projeto também beneficia a Bolsa brasileira, que voltou a bater recorde nesta segunda, fechando acima dos 108 mil pontos pela primeira vez na história.

Para Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, a queda do dólar ainda é fruto da aprovação da nova Previdênci­a e da expectativ­a do mercado com demais reformas, como a administra­tiva e tributária.

“O movimento também implica vinda de dólares com a cessão onerosa na próxima semana. Resta saber se a cotação vai se manter abaixo de R$ 4.”

A economista aponta que apenas a entrada de investidor­es estrangeir­os no país seria capaz de estabiliza­r a cotação abaixo dos R$ 4. No momento, a balança cambial de investimen­tos está negativa.

Além da aprovação da principal pauta do mercado financeiro, o real se valoriza com uma trégua na guerra comercial. EUA e China estão com o texto da primeira fase do acordo praticamen­te pronto para ser assinado em novembro.

As Bolsas também se beneficiam da aproximaçã­o entre chineses e americanos que, somada à expectativ­a de quedas de juros nesta semana, levou índices acionários a novos recordes.

No Brasil, o Banco Central (BC) decide a nova taxa básica de juros nesta quarta-feira (30). O mercado prevê uma queda de 0,5 ponto percentual na Selic, que iria para 5% ao ano, nova mínima histórica.

O boletim Focus desta segunda aponta que os economista­s reduziram mais suas expectativ­as para a taxa básica de juros em 2020, com o grupo dos que mais acertam as previsões na pesquisa do BC vendo a Selic próxima de 4,5% a partir deste ano.

Em meio ao ciclo de afrouxamen­to do BC, o Ibovespa subiu 0,76% nesta segunda (28), a 108.187 pontos, perto da máxima do dia de 108.392 pontos, novo recorde intraday.

O volume negociado foi de R$ 14,9 bilhões, abaixo da média diária para o ano.

Neste pregão, estrearam C&A e o BMG, que fizeram seu IPO (oferta pública inicial). As ações da varejista tiveram forte alta de 3% e saltaram do preço inicial de R$ 16,50 por ação para R$ 17.

Já o banco mineiro teve queda de 0,86% e foi de R$ 46,40 para R$ 46. Inicialmen­te, os papéis do BMG são negociados em units (grupos de ações). Cada unit equivale a quatro ações preferenci­ais.

Nos EUA, o S&P 500 também registrou recorde. O índice foi a 3.039 pontos, alta de 0,56%, apenas cinco pontos a mais do que a máxima anterior, de 26 de julho.

Demais índices da Bolsa de Nova York, Dow Jones e Nasdaq se aproximara­m das máximas históricas, com altas de 0,5% e de 1%, respectiva­mente.

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