Fundo árabe quer ampliar presença no Brasil
Licitações de estradas e aeroportos podem ser alvos do Mubadala, que se mostra otimista com reformas em andamento
abu dhabi Apesar de criticar a “hesitação dos interlocutores brasileiros” que levaram a perdas, o vice-presidente executivo do grupo Mubadala, Waleed Al Muhairi, afirmou que o fundo soberano deve elevar seus investimentos no Brasil.
A afirmação foi feita em painel que discutiu a possibilidade de os Emirados Árabes Unidos serem porta de entrada para o acesso do Brasil ao mercado regional e oportunidades de infraestrutura, neste domingo (27), em Abu Dhabi.
Um dos dois grandes fundos soberanos do país árabe, o Mubadala entrou no Brasil em 2011, com participação em empresas do grupo X, de Eike Batista. Apesar da queda do empresário, seguiu sócio em negócios como o Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ). Neste ano, integrou o consórcio que comprou da Odebrecht a concessionária Rota das Bandeiras, da rodovia Dom Pedro 1º (SP).
Outra tentativa foi a de obter o controle da Invepar, que investe em rodovias, mobilidade urbana e aeroportos, como o de Guarulhos. O Mubadala fez empréstimo-ponte para a companhia e tem enfrentado problemas com o negócio.
“Vemos o Brasil como economia em crescimento. Será um dos principais destintos para o Mubadala nos próximos 5 a 10 anos”, disse Al Muhairi.
A Mubadala Capital (braço gestor para o fundo e terceiros) administra no Brasil cerca de US$ 2 bilhões (R$ 8 bilhões) em portos, estradas, mineração, imóveis e entretenimento.
“Queremos te ruma exposição maiorà economia brasileira. Se virmos algo de interessante, vamos estuda releva radiante ”, disse o executivo.
Ele não anunciou, porém, planos concretos. Atividades ligadas ao setor de óleo e gás, como logística e refino, infraestrutura logística e construção devem ser alvos do fundo, segundo advogados que atuam em grandes negócios de investimento estrangeiro no Brasil.
Outras obras que podem atrair fundos são a ligação rodoviária entre Piracicaba e Panorama, a ser licitada em 2020 e que pode chegar a R$ 16 bilhões, e rodadas de aeroportos previstas para 2020 e 2021, que, juntas, podem render mais de R$ 10 milhões e incluir Congonhas e Santos Dumont.
O executivo do fundo citou como avanço a reforma da Previdência, mas acrescentou que é necessária uma reforma tributária no país.
“Estamos assistindo a uma transição do Brasil para um ambiente incrivelmente amigável para investidores, e isso nos anima muito”, afirmou.
O presidente Jair Bolsonaro discursou no seminário. Se disse “de coração aberto e braços estendidos” para investimentos estrangeiros no país.
O fundo Adia (Abu Dhabi Investment Authority), cujos ativos chegam a US$ 828 bilhões, também participou de reunião com o presidente, promovida pela Firjan (federação industrial fluminense), de acordo com o embaixador brasileiro nos Emirados, Fernando Igreja.
Diferentemente do Mu badala, o Adia aplica e mações e papéisde dívida. O fundo tem cerca de 15% do seu capital em emergentes e não revela quanto disso está na Bolsa brasileira.
Mas o Adia busca segurança jurídica; tem tentado convencer o Brasil a adotar um acordo de proteção do investimento que o país já tentou fazer nos anos 1990, mas não conseguiu ratificar no Congresso.
O Brasil tem firmado acordos de facilitação de investimento (ACFI) —um deles, em março, com os Emirados.
Para o fundo, o acordo de proteção é mais eficaz.
De acordo com Igreja, os fundos priorizam investimentos de longuíssimo prazo e muito seguros.