Folha de S.Paulo

Hotel que polvilha flocos de ouro em comida e bebidas hospedou Bolsonaro

- AESP

abu dhabi Um capuccino custa R$ 82 no hotel escolhido pelo governo dos Emirados Árabes Unidos para hospedar o presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva —o Emirates Palace, em Abu Dhabi, capital do país.

O preço, cerca de oito vezes o que a bebida custa no Brasil, se justifica em parte pela grife —o hotel venceu neste ano como o mais luxuoso do Oriente Médio no World Travel Awards e já levou duas vezes a categoria de mais luxuoso resort do mundo—, mas também pelos ingredient­es: leva flocos de ouro de 23 quilates (96% puro).

Até cinco quilos do metal precioso são usados todos os anos na decoração de pratos, sobremesas e drinques. Substitui o gergelim, por exemplo, sobre o pão do hambúrguer de carne de camelo, ou boia dentro de garrafas de água mineral dentro dos quartos.

Já as imensas moedas que servem como chave para os quartos e as áreas privadas são falsas, de plástico.

De propriedad­e do governo emiradense e administra­do pela cadeia alemã Kempinski, o Emirates tem um quilômetro de extensão de uma ponta a outra e um domo central de 72,6 metros de altura.

Revestido internamen­te de mármore importado de 13 países (nas paredes, no corrimão das escadas e nos pisos cobertos por tapetes persas), tem 1.002 lustres de cristal, alguns fabricados pela marca austríaca Swarovski —o maior deles pesa 2,5 toneladas.

Na manhã em que a Folha esteve no hotel, uma pianista de vestido branco e longo tocava ao vivo o piano de cauda do saguão do café.

As diárias dos 394 quartos e suítes do Palace começam em

R$ 2.665 por noite, no mais simples, o Coral, com 55 m2, sem café da manhã.

A suíte com um quarto e sala, chamada Khaleej (golfo, em árabe), mede 110 m2 e custa R$ 5.125 por noite.

Há 16 unidades da mais cara, a Palace, com três aposentos e 680 m2, cortinas de seda e ornamentos de prata e ouro, ao preço de R$ 34.604 por noite (preços pesquisado­s para a próxima semana).

O hotel não revela a categoria dos quartos da comitiva brasileira, que dormiu no Palace nas noites de sábado (26) e domingo (27). A hospedagem, como é praxe em visitas presidenci­ais, é paga pelo governo anfitrião.

Presidente­s costumam ficar nas suítes mais luxuosas, com entrada privativa e todos os serviços, inclusive o checkin, feitos em particular. Integrante­s da comitiva relataram ter ficado em quartos, alguns deles com vista para a praia.

Ao custo de R$ 3 bilhões, o palácio levou três anos para ser construído, por 20 mil trabalhado­res.

É cercado por 85 hectares de jardins (cada hectare equivale a um quarteirão médio de uma cidade como São Paulo), quatro quadras de tênis, 6,5 quilômetro­s de pistas de corrida e ciclismo e duas academias. A praia particular, de areia fina e água azul quase turquesa, se estende por 1,3 quilômetro. Uma marina particular acomoda até 167 yachts.

Inaugurado em 2005, já hospedou estrelas como os atores Will Smith, Naomi Watts, Paris Hilton e Orlando Bloom e os cantores Elton John e Jon Bon Jovi.Christina Aguilera e Justin Timberlake fizeram shows no hotel, que foi cenário para o filme “Velozes e Furiosos 7”, entre outros.

Avesso a peixe cru, Bolsonaro não precisará se preocupar se quiser almoçar ou jantar em uma das 12 opções de restaurant­es ou cafés: nenhum é de comida japonesa.

O presidente terá à sua escolha um bufê de culinária internacio­nal ou seis restaurant­es à la carte de diferentes especialid­ades: culinária libanesa, chinesa, mediterrân­ea, emiradense (que serve carne de camelo assada lentamente em folha de bananeira até ficar macia) ou frutos do mar.

Se preferir churrasco, a opção fica à vista da praia. Na piscina da ala oeste é possível pedir comidinhas simples e pratos infantis; na ala leste, saladas e grelhados.

Para bebidas, além do Le Café —que serve o capuccino de R$ 82— há o Havana Club, onde há os charutos cubanos que dão nome ao estabeleci­mento, conhaques e armanhaque­s (destilado de vinho semelhante ao conhaque).

Proibidas pelo islamismo, bebidas alcoólicas são servidas regularmen­te no hotel.

Os champanhes custam de R$ 410 (Laurent-Perrier Brut) a R$ 1.847 (Ruinart Blanc des Blancs), e há rótulos exclusivos do hotel por R$ 7.242: uma garrafa de 3 litros de Luxor Brut Rosé Joroboan.

Na vista ao Emirates Palace, a Folha experiment­ou um Camelccino, feito com leite de camela e R$ 14 mais barato que a versão com leite de vaca.

Servido numa xícara de porcelana chinesa sobre uma bandeja de prata, mesmo metal da colher, o Camelccino era acompanhad­o por um bombom de chocolate belga, um macaron (doce francês) de framboesa e uma tâmara. Sobre a espuma, o desenho de um dromedário, feito com xarope da mesma fruta.

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O Emirates Palace, em Abu Dhabi 1 ;o Camelccino, feito com leite de camela 2; água mineral com ouro boiando, oferecida nos quartos 3 e interior do hotel 4
Fotos Reprodução/Emirates Palace 1 O Emirates Palace, em Abu Dhabi 1 ;o Camelccino, feito com leite de camela 2; água mineral com ouro boiando, oferecida nos quartos 3 e interior do hotel 4
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Ana Estela de Sousa Pinto/Folhapress 3
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Ana Estela de Sousa Pinto/Folhapress 2

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