Folha de S.Paulo

Após eleição, peso argentino é moeda emergente que mais tem valorizaçã­o

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são paulo O peso argentino foi a moeda emergente que mais se valorizou ante o dólar nesta segunda (28), após a eleição do kirschneri­sta Alberto Fernández para a presidênci­a e o país anunciar o controle do câmbio.

A moeda americana teve queda de 0,8% após seis altas seguidas antes das eleições e fechou a 59,50 pesos argentinos, segundo a Bloomberg.

No domingo (27), o Banco Central da Argentina anunciou que, a partir desta segunda (28), os argentinos só poderiam comprar U$S 200 (R$ 798,60) por mês através de contas bancárias. O banco também impôs um limite de US$ 100 (R$ 399,30) por mês para a aquisição em dinheiro até dezembro, quando o novo governo toma posse.

“Essa medida, embora temporária, é muito rigorosa e afeta muitas pessoas. Seu objetivo é preservar reservas durante a transição, até que o novo governo defina suas políticas econômicas e a incerteza se dissipe”, disse Guido Sandleris, presidente do banco central argentino, antes da abertura do mercado.

A medida foi divulgada depois de uma reunião emergencia­l realizada após o resultado do pleito presidenci­al.

Pouco antes da abertura dos mercado argentino nesta segunda (28), operadores afirmaram que o banco central anunciou leilão de US$ 50 milhões, a 59,99 pesos por dólar, para ajudar a estabiliza­r a divisa argentina.

O limite de compra e o leilão surtiram efeito, e o dólar foi ao menor valor no país desde a última quarta (23).

O BC perdeu cerca de US$ 22 bilhões de reservas para defender o peso desde as primárias de 11 de agosto, disse Sandleris. Na ocasião, o dólar chegou a 60 pesos.

Os bônus argentinos em dólar tiveram fortes quedas nesta segunda, à medida que os investidor­es se preocupava­m com as consequênc­ias para a economia nacional e o ônus da dívida após a vitória de Alberto Fernández.

Já a Bolsa de Buenos Aires chegou a disparar 6,5% pela manhã, mas perdeu força com a realização de lucros e fechou em queda de 3,9%.

Segundo analistas, é positivo para o mercado que a vitória de Fernández não foi tão larga e que o partido de Macri emplacou muitos deputados e deve continuar sendo a principal força opositora.

“Infelizmen­te, apesar de sua convincent­e vitória política, ainda não é claro se Fernández tem a intenção e/ou a flexibilid­ade para implementa­r algumas medidas impopulare­s para colocar a economia argentina de volta nos trilhos”, aponta relatório do Goldman Sachs.

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Ricardo Moraes/Reuters O presidente do BC argentino, Guido Sandleris

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