Microsoft bate Amazon e leva contrato ‘Jedi’
Derrota da empresa de Jeff Bezos em acordo de US$ 10 bilhões com Pentágono ocorreu após interferência de Trump
financial times A Microsot derrotou a Amazon e conquistou um importante contrato de US$ 10 bilhões do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, depois de diversas rodadas de lances, uma contestação judicial e uma intervenção de último minuto pelo presidente Donald Trump.
O Pentágono anunciou na sexta (25) que a Microsoft conquistou o chamado “contrato Jedi” de computação em nuvem, que permitirá que a empresa lide com comunicações e dados do Departamento
de Defesa americano.
Muita gente antecipava que a Amazon conquistaria o contrato, mas Trump interferiu para alertar que “grandes empresas” se queixaram do processo de licitação, o que gerou uma revisão final da concorrência por Mark Esper, o secretário da Defesa dos EUA.
Trump entrou em choque diversas vezes com Jeff Bezos, o fundador e presidente-executivo da Amazon, e sua intervenção foi vista por observadores como política. A Amazon é a única empresa de tecnologia capaz, hoje, de oferecer sistemas criptográficos suficientemente seguros para atender aos requisitos de comunicação para material “altamente sigiloso” do governo.
Dana Deasy, diretora-geral de informações no Departamento de Defesa, disse que “a concessão do contrato é um importante passo na estratégia de modernização digital”.
O processo de licitação durou dois anos e envolveu quatro empresas na disputa. O contrato é peça-chave no esforço do Pentágono para transferir parte de seu poder de computação rumo à nuvem.
O contrato Joint Enterprise Defense Infrastructure (Jedi) foi contestado não só por conta de seu valor, mas por deixar o ganhador em posição favorável para conquistar outros contratos de governos e grandes instituições no mundo.
O processo de concorrência foi suspenso porque a Oracle, um dos quatro participantes originais, contestou o processo judicialmente. Ela foi derrotada em seu recurso, mas Trump interveio, levando à revisão feita de última hora por Esper, indicado recentemente como secretário da Defesa.
A ação de Trump foi interpretada como ataque à Amazon, já que ele citou que Microsoft, IBM e Oracle —os outros três concorrentes— se queixaram da licitação.
O jornal The Washington Post noticiou que funcionário do Departamento de Defesa, em livro, disse que Trump queria “ferrar” a Amazon, impedindo-a de obter o contrato Jedi. Pentágono e Casa Branca não comentaram a reportagem. Bezos é dono do Post.
Na sexta, Mark Warner, senador democrata, tuitou: “O presidente usar as prerrogativas do cargo para punir críticos na mídia é um completo abuso de poder. Precisamos de respostas”.
No início da semana, Esper se absteve da decisão final sobre o contrato, alegando que seu filho é empregado da IBM.
A Amazon, sem dizer irá à Justiça, disse que “essa conclusão nos surpreende. [A Amazon Web Services] é líder clara na computação em nuvem, e avaliação detalhada, tendo por base as propostas em concorrência, conduziria claramente a decisão diferente”.