Grupos de esquerda convocam protestos contra o presidente
brasília e rio de janeiro Movimentos sociais de esquerda convocaram uma manifestação contra Jair Bolsonaro (PSL) para a próxima terça (5), após o nome do presidente ter sido citado na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes.
Com o mote “Basta de Bolsonaro! Justiça por Marielle”, o ato principal será na avenida Paulista, em São Paulo.
Nesta quarta-feira (30), porém, o Ministério Público do Rio de Janeiro apontou contradição no depoimento do porteiro do condomínio onde o presidente tem casa, revelado pelo Jornal Nacional.
A ideia dos organizadores é que os protestos sejam replicados em todo o país. As frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular promoverão os atos e reúnem entidades como MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto), o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
“A denúncia é grave e tem que ser apurada até o fim. Se comprovada a relação direta de Bolsonaro ou de seus filhos com os assassinos de Marielle, ele perde as condições de seguir como presidente”, afirmou à Folha Guilherme Boulos (PSOL), nesta quarta.
Bolsonaro estava em Brasília no dia 14 de março do ano passado, quando Marielle foi executada. Ele nega ter qualquer relação com o crime.
Em meio às contradições, líderes da oposição no Congresso querem que o porteiro seja incluído em um programa de proteção a testemunha.
O presidente afirmou ter acionado o ministro da Justiça, Sergio Moro, para que a Polícia
Federal investigue o depoimento do porteiro.
“A PF e o Moro não têm que escutar o porteiro. Ele é uma testemunha que precisa neste momento ser protegida, não coagida, afirmou a líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PC do B-RJ).
“A acusação [no depoimento do porteiro] é grave, porque envolve a casa do presidente. Ninguém pode fazer uma acusação indireta sobre ninguém, mas precisamos entender o que aconteceu.”
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (RedeAP), disse que solicitará medidas pela segurança do porteiro.
Em vídeo nas redes sociais, Anielle Franco, irmã de Marielle, criticou a falta de acesso da família à investigação sobre o crime. Ela repreendeu Bolsonaro por, em uma transmissão ao vivo que ele fez na véspera, ter trocado o nome da irmã mais de uma vez.
“O nome da minha irmã é Marielle. Marielle Francisco da Silva, vulgo Marielle Franco. Não é Mariela, não é Mariah, não é Mara-a-puta-queo-pariu. É Marielle. E queria muito pedir respeito a isso.”
Anielle diz que não pode especular sobre a aparição do nome de Bolsonaro no inquérito sobre a morte da irmã e de Anderson. “É óbvio que eu quero saber quem que tava naquela porra da casa 58.”
Na internet, a viúva de Marielle, Monica Benício, se manifestou: “Espero que as autoridades competentes investiguem com isenção toda e qualquer pessoa que possa ter algum tipo de implicação na execução de Marielle e Anderson”.