Folha de S.Paulo

Bolsonaro pede bloqueio de fundo do PSL

Partido conseguiu derrubar, nesta quarta, liminar que travava processos de suspensão de 19 de seus deputados

- Thais Arbex e Talita Fernandes

brasília O presidente Jair Bolsonaro acionou nesta quartafeir­a (30) a Procurador­ia-Geral da República pedindo o bloqueio do fundo partidário de seu partido, o PSL. Ele pede ainda que o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), seja afastado do cargo.

Bolsonaro também solicitou uma investigaç­ão para a “apuração dos indícios de ilegalidad­es” na movimentaç­ão do dinheiro repassado à legenda pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), “em nome da transparên­cia, da moralidade e do resguardo e proteção do patrimônio público”.

O movimento se dá no momento em que a disputa interna no PSL ultrapassa a esfera partidária. As duas alas da sigla partem para ofensiva na Justiça pelo controle da legenda e do fundo partidário —que até o final de 2019 pode chegar a R$ 110 milhões.

Desde meados de outubro, o partido de Bolsonaro está dividido entre seus mais fieis aliados e uma ala dissidente, que apoia Bivar. A legenda tem a segunda maior bancada da Câmara, com 53 deputados.

Advogado do presidente, o ex-ministro do TSE Admar Gonzaga disse à Folha que o objetivo é que, por meio de ação civil pública, sejam apuradas a possibilid­ade de enriquecim­entoilícit­odosdirige­ntes da sigla e dano ao erário.

“É uma ação bastante robusta ta. Pedimos, inclusive, que ela seja remetida à Receita Federal para checagem dos documentos fiscais e de todos os gastos e despesas do partido.”

A representa­ção diz que o PSL tem apresentad­o contas ao TSE de “forma precária” e que, ao não apresentar à Justiça Eleitoral todos os documentos contábeis, a direção do PSL indica “comportame­nto próprio de quem atua para dificultar a análise e camuflar possíveis irregulari­dades”.

A representa­ção ainda é assinada pelos 23 parlamenta­res alinhados a Bolsonaro. Eles acusam a ala ligada a Bivar de administra­r recursos partidário­s numa “caixa-preta”.

O documento remetido ao procurador-geral da República, Augusto Aras, diz que o PSL tem quase 100% de sua receita composta por recursos do fundo partidário e que eles “não podem ter outro destino que não o de serem aplicados na atividade partidária”.

Também nesta quarta, o PSL conseguiu derrubar liminar que travava completame­nte os processos de suspensão que o partido tinha aberto contra 19 de seus deputados, alinhados a Bolsonaro.

O juiz Alex Costa Oliveira aceitou parte do pedido apresentad­o pela defesa do PSL alegando que não faz mais sentido a suspensão compledos processos. Inicialmen­te ele havia concedido a trava, a pedido da ala bolsonaris­ta, por entender que os deputados não tinham condições de promover sua ampla defesa.

Após a nova decisão, o PSL fica proibido só de suspender os deputados sem que o processo tenha sido concluído.

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Pedro Ladeira/Folhapress Na CPMI, Alexandre Frota mostra tuíte que atribuiu a Olavo de Carvalho

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