Folha de S.Paulo

Partidos viraram veículos de chegar ao poder, diz Toffoli

- Carolina Linhares

são paulo O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, afirmou que os partidos políticos se tornaram apenas veículos de chegada ao poder, numa referência velada ao PSL.

O partido de Jair Bolsonaro teve sua divisão interna exposta, com ala de congressis­tas fiel ao presidente e outra que se aliou ao líder da sigla, deputado Luciano Bivar (PE).

“Os partidos passaram a ser apenas os veículos de chegar ao poder. Vejam aí. Não vou citar nomes de partidos”, disse.

O presidente do STF falava a convidados durante um almoço em evento organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Toffoli fez consideraç­ões sobre o fato de que a sociedade brasileira se divide segundo seus interesses, em corporaçõe­s, e que não há um projeto de país unificado.

Ao sair do evento, Toffoli se deparou com um protesto de cerca de 15 pessoas. Vestidos de verde e amarelo, elas demonstrar­am apoio a Bolsonaro, ao ministro Sergio Moro (Justiça) e à prisão após condenação em segunda instância, em discussão no STF.

Os manifestan­tes cercaram o carro de Toffoli, estenderam uma faixa na frente do veículo e chegaram a bater na lataria.

A faixa dizia “hienas do STF”, numa referência ao vídeo publicado por Bolsonaro.

Durante a palestra, Toffoli afirmou que os Poderes não devem “retaliar um ao outro”. Defendeu o pacto que propôs entre os chefes do Executivo, do Legislativ­o e do Judiciário.

“Tem que se sentar junto para enfrentar, com apoio das instituiçõ­es que estão à frente e com a compreensã­o da sociedade, que temos que avançar no desenvolvi­mento do país e no enfrentame­nto de grandes dificuldad­es.”

Durante a fala de Toffoli, vinha de fora o som dos manifestan­tes, com megafone, e do bater de panelas. Enquanto isso, o presidente realizou uma defesa do Judiciário, afirmando que a demanda no Brasil é a maior de todo o mundo e ressalvand­o que aceita críticas.

“Não existe Suprema Corte que julgue mais do que a brasileira. O Judiciário não tem um tempo de solução que é o tempo do mercado e da política. [...] Judiciário deveria ser a última solução”, afirmou.

“Ao invés de ficar atacando o Supremo... Nada contra, se não gostou da decisão, pode criticar. [...] Mas será que o Supremo é o problema ou é a cultura do litígio?”, completou.

Toffoli afirmou que o protesto do lado de fora era positivo.

“Do ponto de vista do Estado democrátic­o de Direito, é bom hoje que as pessoas saibam que existe o STF, que saibam quem são os 11 ministros, que venham fazer protestos, desde de que seja dentro da legalidade e da ordem.”

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Roberto Casimiro/Fotoarena/Agência O Globo Manifestan­te bate no carro de Dias Toffoli após evento

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