Partidos viraram veículos de chegar ao poder, diz Toffoli
são paulo O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, afirmou que os partidos políticos se tornaram apenas veículos de chegada ao poder, numa referência velada ao PSL.
O partido de Jair Bolsonaro teve sua divisão interna exposta, com ala de congressistas fiel ao presidente e outra que se aliou ao líder da sigla, deputado Luciano Bivar (PE).
“Os partidos passaram a ser apenas os veículos de chegar ao poder. Vejam aí. Não vou citar nomes de partidos”, disse.
O presidente do STF falava a convidados durante um almoço em evento organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Toffoli fez considerações sobre o fato de que a sociedade brasileira se divide segundo seus interesses, em corporações, e que não há um projeto de país unificado.
Ao sair do evento, Toffoli se deparou com um protesto de cerca de 15 pessoas. Vestidos de verde e amarelo, elas demonstraram apoio a Bolsonaro, ao ministro Sergio Moro (Justiça) e à prisão após condenação em segunda instância, em discussão no STF.
Os manifestantes cercaram o carro de Toffoli, estenderam uma faixa na frente do veículo e chegaram a bater na lataria.
A faixa dizia “hienas do STF”, numa referência ao vídeo publicado por Bolsonaro.
Durante a palestra, Toffoli afirmou que os Poderes não devem “retaliar um ao outro”. Defendeu o pacto que propôs entre os chefes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
“Tem que se sentar junto para enfrentar, com apoio das instituições que estão à frente e com a compreensão da sociedade, que temos que avançar no desenvolvimento do país e no enfrentamento de grandes dificuldades.”
Durante a fala de Toffoli, vinha de fora o som dos manifestantes, com megafone, e do bater de panelas. Enquanto isso, o presidente realizou uma defesa do Judiciário, afirmando que a demanda no Brasil é a maior de todo o mundo e ressalvando que aceita críticas.
“Não existe Suprema Corte que julgue mais do que a brasileira. O Judiciário não tem um tempo de solução que é o tempo do mercado e da política. [...] Judiciário deveria ser a última solução”, afirmou.
“Ao invés de ficar atacando o Supremo... Nada contra, se não gostou da decisão, pode criticar. [...] Mas será que o Supremo é o problema ou é a cultura do litígio?”, completou.
Toffoli afirmou que o protesto do lado de fora era positivo.
“Do ponto de vista do Estado democrático de Direito, é bom hoje que as pessoas saibam que existe o STF, que saibam quem são os 11 ministros, que venham fazer protestos, desde de que seja dentro da legalidade e da ordem.”