Folha de S.Paulo

Governo envia projeto que finaliza Previdênci­a

Texto que cria regras especiais de aposentado­ria é apresentad­o para destravar promulgaçã­o da reforma no Congresso

- Talita Fernandes e Thiago Resende

BRASÍLIA Cumprindo acordo firmado com o Senado, o governo apresentou nesta quarta (30) projeto de lei que cria regras especiais de aposentado­ria para profission­ais expostos a alta periculosi­dade, como vigilantes armados e guardas-noturnos, por exemplo.

A proposta é aguardada para que a promulgaçã­o (entrada em vigor) da reforma da Previdênci­a seja destravada.

A promessa é que o Senado aprove o texto rapidament­e. A presidente da CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), deve colocar o projeto em pauta já na próxima quarta (6). A intenção é que a proposta seja submetida na sequência para análise do plenário da Casa.

O texto, porém, com detalhes da proposta não foi divulgado, e o governo não deu detalhes de como serão as regras pra esses casos.

“Cumprimos o nosso acordo, entregamos o texto, e o Senado certamente vai dar celeridade e vai se debruçar sobre o tema”, disse o secretário de Previdênci­a e Trabalho, Rogério Marinho, após reunião com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), será o autor da proposta, e Esperidião Amin (PP-SC), o relator.

A expectativ­a é que Braga apresente nesta quinta (31) o texto e, na sequência, o relator passe a discutir o projeto com as lideranças partidária­s.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), diz que, logo após a aprovação do texto no plenário, vai convocar a sessão para que a PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) da reforma da Previdênci­a seja promulgada.

Hoje, não há requisitos diferencia­dos de aposentado­ria para categorias com grau de periculosi­dade. Mas é comum que esses profission­ais entrem na Justiça alegando que, por causa da periculosi­dade, têm direito a se aposentar mais cedo.

Tanto Marinho quanto Bezerra explicaram que o projeto de lei complement­ar não tem como objetivo criar uma categoria de aposentado­ria especial, mas sim deixar claro na lei quais as situações em que um trabalhado­r pode pedir antecipada­mente o benefício devido às condições de trabalho.

“A questão de categoria, desde o princípio ela foi afastada, inclusive no texto da própria PEC. A periculosi­dade se dá pelo exercício da atividade e não em função da categoria”, explicou o secretário.

“O projeto atende a preocupaçã­o que foi colocada em relação a determinad­as categorias. O mineiro de subsolo, que foi uma bandeira empunhada pelo senador Esperidião Amin e a preocupaçã­o do senador [Paulo] Paim em relação à questão aos vigilantes armados e também dos eletricitá­rios que trabalham em região de alta-tensão. E o texto confere, portanto, digamos assim, essa segurança, esse direito do acesso à aposentado­ria especial para esses trabalhado­res”, afirmou o líder do governo no Senado.

Juízes têm concedido esses benefícios ao equiparar essas categorias a quem trabalha exposto a agentes nocivos, como mineiros. Atualmente, existe uma aposentado­ria especial para quem tem atividade de risco à saúde.

Um trecho na PEC da reforma proibia requisitos diferencia­dos para ocupações com grau de periculosi­dade, como vigilantes. O objetivo da equipe econômica era barrar a disputa judicial.

O PT pediu que esse item fosse derrubado e, diante do apoio de partidos independen­tes como o MDB, o governo teve que ceder para que a votação da reforma fosse concluída no Senado.

Pelo acordo, o time do ministro Paulo Guedes (Economia) iria enviar um projeto de lei que defina critérios claros para que um trabalhado­r se enquadre na aposentado­ria especial por periculosi­dade. Isso foi cumprido nesta quarta-feira.

As normas para delimitar quem terá direito a regras mais vantajosas ainda precisam ser aprovadas pelo Senado e, depois, pela Câmara para que o novo tipo de aposentado­ria especial passe a valer.

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Bruno Rocha/Fotoarena/Agência O Globo Simone Tebet, da CCJ, que colocará projeto em pauta na quarta

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