Folha de S.Paulo

Prédios organizam Halloween sem bagunça

Lista de participan­tes, horário, avisos e ‘divisão de território’ são algumas das regras para diversão dos fantasminh­as

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são paulo Sabe aquela história de campainhas tocando prédio afora sem aviso e crianças fantasiada­s pedindo doce no Halloween? Então, esquece. Não vai ter. Quer dizer, vai. Mas não assim, de qualquer jeito.

Para organizar um pouco a festa e colocar ordem na diversão dos fantasminh­as, condomínio­s da Grande São Paulo estão adotando um Dia das Bruxas organizado, com regras para não atrapalhar a noite de ninguém e driblar reclamaçõe­s na manhã seguinte.

Isso sem falar naquelas discussões sobre a pertinênci­a da celebração —que há alguns anos não estava no calendário— e a opção pelo dia do Saci, entre outras polêmicas.

Tudo bem que a tradição não é nossa —a festa faz parte da cultura de países de língua inglesa—, mas não é questão de você gostar ou não: a molecada gosta, e um deles pode ser o seu. Simples assim.

Em um prédio da Vila Gumercindo, por exemplo, esse será o primeiro ano da festa totalmente planejada. No ano retrasado, um grupo de crianças de entre 5 e 10 anos saiu pelo edifício de 15 andares e 60 apartament­os tocando campainhas a esmo.

Na manhã seguinte, nem todos os moradores estavam lá muito felizes com a espontanei­dade. Coube então ao síndico, Ricardo Albuquerqu­e, 55, reunir o grupo, conversar com eles e explicar que havia condôminos mais velhos, com problemas de saúde e outros que não eram obrigados a participar. “Falei para eles que havia duas ou três unidades que eles não deveriam incomodar”, diz.

No ano seguinte, Ricardo traçou regras. O grupo, então, foi ao último andar e, a partir de lá, distribuiu “travessura­s ou gostosuras” ou só pediu os doces mesmo, que é o mais provável.

Dessa vez foi tudo certo? Mais ou menos. Mais uma vez, nem todos ficaram felizes. “No dia seguinte teve reclamaçõe­s de alguns moradores que não ficaram sabendo, dizendo que os filhos deles também queriam participar”, diz Ricardo.

Agora, neste ano, tem tudo para dar certo e Ricardo curtir a delícia de passar o 1º de novembro sem queixas.

Todos os moradores foram devidament­e convidados e avisados de que, à porta, uma trupe de bruxas, monstrinho­s e afins pode surgir. Não a qualquer momento, claro. Vai ser a partir das 19h30. Quem não quiser participar só precisa prender o convite enviado na frente do apartament­o.

O mesmo valeu para o condomínio da bancária Juliana Feitosa, 36, na Barra Funda, mas de forma ainda um pouco mais organizada.

As duas torres de 25 andares, com quatro apartament­os por andar, foram divididas entre dois grupos. Uma ficou para as crianças de até 5 anos. A outra para os maiores. “O apartament­o que quer participar coloca um enfeite ou já deixa na porta”, diz Juliana, mãe de Giovana, 4.

A festa no condomínio dela, na verdade, já ocorreu, afinal esta quinta-feira (31) é dia de trabalho e nem todos podem estar dispostos a participar.

No domingo (27), bruxinhas, super-heróis, uma múmia e dois bebês —um esqueleto e outro, uma abóbora—, acompanhad­os dos pais, se reuniram em frente à brinquedot­eca e de lá partiram em busca dos doces. Tudo organizado por WhatsApp.

Com menos regras, mas lista de participan­tes já definida e divulgada entre os moradores, um condomínio do bairro Campestre, em Santo André, Grande São Paulo, até cogitou colocar um aviso no elevador.

Não colocaram, mas definiram que para participar é preciso apenas enfeitar a porta com algum elemento fantasmagó­rico e esperar as crianças entre 20h e 20h30. Depois disso, os fantasmas podem até se divertir, mas só em casa.

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