Após anos de domínio, Golden State passa por reconstrução
Campeão de 3 das últimas 5 temporadas da NBA, time contratou promessas
são paulo Uma semana depois do início da temporada 2019/2020 da NBA, o Golden State Warriors, que construiu uma dinastia na liga de basquete dos EUA ao chegar às últimas 5 finais e vencer 3 delas, se vê cercado de dúvidas.
Em três jogos até esta terça (29) –o time enfrentaria o Phoenix Suns nesta quarta (30) após a conclusão desta edição–, foram duas derrotas (por 19 pontos contra o Los Angeles Clippers e 28 diante do Oklahoma City Thunder) e uma vitória sobre o New Orleans Pelicans, por 134 a 123.
Lesões e trocas no elenco repaginaram a equipe. Kevin Durant, escolhido por duas vezes o melhor jogador das finais, foi para o Brooklyn Nets. Também não estão mais no time peças importantes da rotação, como Shaun Livingston, que se aposentou, e Andre Iguodala, trocado.
Klay Thompson, um dos melhores arremessadores da liga, está afastado das quadras por tempo indeterminado devido a uma lesão no joelho.
Só seis jogadores vice-campeões na última temporada –o time foi derrotado pelo Toronto Raptors na final– continuam no elenco: Stephen Curry, Draymond Green, Klay Thompson, Damion Lee, Kevon Looney e Jacob Evans.
No jogo contra os Clippers, uma formação composta essencialmente por Green, Curry e novatos se mostrou errática. Na partida contra Oklahoma City, o aproveitamento das bolas de três pontos, grande força da trajetória vitoriosa do time, foi de 15% —só 5 tentativas convertidas de 33.
Logo depois dessa partida, Green foi sincero: “A realidade é que nós somos horríveis neste momento. Não conheço outra forma melhor de dizer.”
Contra os Pelicans, na segunda (28), a equipe trouxe lembranças dos tempos de domínio. Além da vitória em Nova Orleans, acertou 14 bolas de três pontos e defendeu consideravelmente melhor.
Mais da metade dos pontos vieram das mãos de Glenn Robinson 3º (12), Jordan Poole (13), D’Angelo Russell (24) e Damion Lee, com 23 pontos e 11 rebotes. Lee é cunhado de Curry e está em sua segunda temporada com a equipe.
Na saída do ginásio, Curry estava saltitante ao lado de Russell, comemorando.
Green, agora em tom bem mais otimista, exaltou o coletivo: “Antes nós não competimos em nível de NBA, então os caras ficaram cansados disso e trouxeram a vontade de ganhar para a quadra. É um passo na nossa nova direção. Nós só vamos melhorar”, afirmou.
O diretor-executivo Joe Lacob, o gerente-geral Bob Myers e o técnico Steve Kerr têm experiência em transformar jovens em atletas de elite.
A construção da dinastia começou dez anos atrás. No draft de 2009, quando Curry foi selecionado na sétima posição para jogar ao lado da então maior estrela do time, Monta Ellis. Em 2011 chegou o novato Klay Thompson, criando a dupla conhecida como “Splash Brothers”. Ellis acabou trocado para o Milwaukee Bucks, o que deu mais protagonismo para os jovens.
No ano seguinte, a força defensiva da equipe aumentou com a chegada de Green, selecionado sem muito barulho na 35ª posição do draft.
Em 2013, os Warriors foram aos playoffs pela primeira vez desde 1994, perdendo para o San Antonio Spurs nas semifinais de conferência e adicionando na sequência o já veterano Iguodala.
Com a contratação do técnico Steve Kerr, em 2014, a franquia da Califórnia revolucionou a NBA moderna com o jogo veloz e repleto de bolas de três, chamado de “smallball”.
Após seis anos de reconstrução, o time da Califórnia conquistou seu primeiro título desde a década de 1970. Depois disso, atraiu um dos melhores jogadores da NBA, Kevin Durant, formando o elenco mais temido da liga.
Agora, Kerr tem novamente um elenco em formação. Se na temporada passada a média de idade era de 28,2 anos, nessa caiu para 24,3 anos, a quinta mais jovem da NBA.
Na noite de estreia da nova equipe, na última quinta (24), Curry chegou ao novo ginásio do time, o Chase Center, em San Francisco, usando uma camiseta em memória à Oracle Arena, palco em Oakland onde os protagonistas da equipe azul e dourada brilharam e se consolidaram.
No novo ginásio, a 26 km do antigo, a torcida espera ter motivos para comemorar.
A contratação mais expressiva para esta temporada foi a do armador D’Angelo Russel. Aos 23 anos, ele foi um dos jogadores que mais evoluíram no último ano, quando defendia o Brooklyn Nets, com média de 21 pontos e 37% de aproveitamento da linha de três. Isso garantiu sua primeira seleção para o Jogo das Estrelas.
Entre as caras novas, o alaarmador Jordan Poole, 20, tem um arremesso considerado tecnicamente perfeito, mas precisa melhorar na defesa.
Já Eric Paschal, 22, é chamado pelos otimistas de “Draymond Green com um arremesso”. O ala-pivô tem como destaque o físico imponente e a habilidade defensiva, com 2,01 m de altura distribuídos em 116 kg e envergadura de 2,12 m, que permite a marcação de múltiplos jogadores.
Completando a lista de jovens que chegaram neste ano está o sérvio Alen Smailagic, 19. A franquia já estava de olho nele havia tempo e, dois anos atrás, o levou para jogar na liga de desenvolvimento. Para escondê-lo, por duas vezes ele foi sacado do time quando olheiros foram às partidas.
A missão dos Warriors será descobrir como encaixar essas peças nos 79 jogos antes dos playoffs. Para chegar à fase decisiva, porém, a reconstrução precisará funcionar em uma liga que já na primeira semana mostrou estar muito equilibrada.