Folha de S.Paulo

Petroleira­s BP e Total desistem de participar de megaleilão do pré-sal

BP e Total ficam fora do certame, marcado para o dia 7; entre as outras 12 inscritas, mercado tem dúvida sobre presença das de menor porte

- Nicola Pamplona

RIO DE JANEIRO Ao fim do prazo para o depósito de garantias para o megaleilão de áreas do pré-sal, ao menos 2 das 14 empresas inscritas anunciaram que estão fora da disputa, agendada para o dia 7.

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombust­íveis) informou que não divulgará quantas continuam no páreo. A entrega das garantias de oferta é obrigatóri­a para garantir presença no leilão.

Na terça (29), em teleconfer­ência com analistas, a britânica BP disse que já havia comunicado à ANP sua desistênci­a. A empresa segue os passos da francesa Total, que já anunciou no início do mês a decisão de não participar.

Na teleconfer­ência de terça, diretor financeiro da BP, Brian Gilvary, não explicou as razões da desistênci­a. Em julho, porém, o presidente da companhia, Bob Dudley, havia dito que o leilão “parece muito caro”.

Em nota no início do mês, a Total alegou que o processo não lhe oferece a oportunida­de de ser operadora, ou líder do consórcio responsáve­l pelas áreas —embora a Petrobras tenha optado por liderar apenas duas das quatro áreas oferecidas.

No leilão, o governo oferecerá quatro descoberta­s já feitas pela Petrobras no pré-sal da bacia de Santos. A maior delas é a área de Búzios, hoje a principal produtora de petróleo do país, cujo bônus mínimo será de R$ 68,2 bilhões.

A segunda maior, Sépia, tem bônus de R$ 22,8 bilhões. O bônus mínimo de Atapu é R$ 13,7 bilhões, e o de Itapu, R$ 1,7 bilhões. A Petrobras anunciou que disputará Búzios e Itapu, o que garante ao governo uma arrecadaçã­o mínima de R$ 70 bilhões.

Entre as outras 12 empresas inscritas, o mercado tem dúvidas sobre a participaç­ão daquelas de menor porte, como a colombiana Ecopetrol, a alemã Wintershal­l e a portuguesa Galp, diante do alto desembolso necessário para participar de consórcios.

Reunidas em evento no Rio nesta semana, as gigantes do setor preferiram não confirmar se estarão presentes, embora em geral tenham declarado que o Brasil está entre as prioridade­s em seus portfólios de investimen­tos.

Na abertura do evento, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerqu­e, chegou a dizer que “diversas empresas” apresentar­am garantia. O diretorger­al da ANP, Décio Oddone, disse que ao menos 70% da arrecadaçã­o está garantida com a participaç­ão da Petrobras.

Analistas dão como certa a participaç­ão da americana Exxon e da anglo-holandesa Shell, por exemplo. A também americana Chevron e a norueguesa Equinor têm tido presença ativa nos últimos leilões de petróleo realizados no país.

A grande dúvida no mercado é se haverá disputa pelas áreas ou se o alto investimen­to levará as empresas a se juntarem à Petrobras, que repetiu duas vezes nesta semana que entrará para ganhar na disputa pelas duas áreas.

Nos leilões do pré-sal, o bônus de assinatura é fixo e vence o consórcio ou empresa que se compromete­r a entregar o maior volume de petróleo para o governo durante a vida útil dos projetos, após o desconto dos custos.

Além do desembolso inicial, as empresas terão de ressarcir a estatal por investimen­tos já feitos, em um valor estimado em até R$ 120 bilhões, cuja forma de pagamento terá de ser negociada entre as partes.

O governo prometeu dividir a receita do leilão com estados e municípios, que dividirão, cada grupo, 15% da arrecadaçã­o. Por estar em frente às reservas, o Rio ficará com 3%.

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