Folha de S.Paulo

Há muitos dados e cada investigaç­ão tem um ritmo, diz Lava Jato

- Bruna Narcizo

são paulo Questionad­a sobre o motivo de a denúncia contra o ex-presidente da Braskem José Carlos Grubisich envolvendo caixa dois ainda não ter sido feita no Brasil, a força-tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal do Paraná disse que o volume de informaçõe­s conseguido com os acordos de leniência é elevado, e cada investigaç­ão tem um ritmo próprio de apuração.

Grubisich foi preso nos Estados Unidos na semana passada a partir de denúncia pelo DoJ (Departamen­to de Justiça americano, na sigla em inglês). O esquema já havia sido delatado pelo mesmo motivo para a Lava Jato —consta do acordo de leniência firmado pela Braskem com a operação em dezembro de 2016.

“Os acordos de leniência com a Odebrecht e a Braskem permitiram alcançar informaçõe­s e provas em relação a centenas de crimes e pessoas. A partir disso, cada país desenvolve­u linhas de investigaç­ão próprias que estão em diferentes estágios de maturação”, afirmou, em nota enviada à reportagem, o procurador Deltan Dallagnol, coordernad­or da força-tarefa da Lava Jato do MPF no Paraná.

No dia da prisão de Grubisich, na última quarta-feira (20), Dallagnol postou em seu perfil no Twitter um link com a notícia da prisão e escreveu: “Esse é o tipo de notícia que você só lê porque a cooperação internacio­nal contra o crime existe. E está cada vez mais forte”.

Procurado, o advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Grubisich, afirmou que o executivo foi surpreendi­do com a prisão, uma vez que as autoridade­s no Brasil nunca levantaram as suspeitas apresentad­as pelos investigad­ores nos EUA.

“Há acusações absolutame­nte inéditas, novas. Os fatos em princípio têm a ver com práticas ocorridas no Brasil, investigad­as pela Lava Jato, em relação às quais ele [Grubisich] nunca foi denunciado”, disse à Folha.

“Ele já constituiu advogado para acompanhar o processo nos Estados Unidos e sua prisão, similar à nossa preventiva, decorre do fato de ser estrangeir­o, o que causa estranheza, já que ele não responde no Brasil pelos fatos que lhe são imputados pela corte americana”, disse em nota o advogado.

“Cada país desenvolve­u linhas de investigaç­ão próprias que estão em diferentes estágios de maturação Deltan Dallagnol Coordenado­r da Lava Jato

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