Folha de S.Paulo

Fim de semana perfeito

Nem um sonhador rubro-negro imaginaria um sábado e um domingo assim

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP | dom. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho, Tostão | seg. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho | | qui. Juca Kfouri | sex. Renata Mendonça | sáb.Katia Rubio

Normalment­e ser campeão sem jogar é bom, porque sempre é bom ser campeão, mas não é o ideal.

O ideal é ser campeão jogando, vencendo e em casa, diante da torcida em festa.

Ontem foi exceção. Porque o domingo (24) rubro-negro entra para a história do futebol como o melhor já vivido por qualquer torcedor do planeta bola.

Enquanto o time do Flamengo comemorava a épica conquista da Libertador­es no Rio ensandecid­o, o Grêmio, humilhado pelo rubro-negro no torneio continenta­l, e derrotado por seus reservas em Porto Alegre no Brasileiro, derrotava novamente o Palmeiras na casa verde (2 a 1) e entregava de mão beijada o hepta aos cariocas com quatro rodadas de antecedênc­ia.

Na quarta-feira (27) o Maracanã lotado será palco apenas do desfile dos campeões e da entrega da taça.

Não que o Flamengo vá entregar o jogo para o Ceará na luta contra o rebaixamen­to, porque um campeão não faz isso.

Mas, de ressaca, é sobre-humano exigir o que for de Jorge Jesus e companhia vencedora.

Verdade que o Flamengo tem recordes a bater, invencibil­idade a manter e, sobretudo, deve respeito à Nação e aos que disputam a sobrevivên­cia com o time cearense, seus rivais Botafogo e Fluminense incluídos.

Ceará, em casa, Palmeiras, fora, Avaí, no Maracanã, e Santos, na última rodada, por enquanto marcado para a Vila Belmiro e, tomara, remarcado para o Pacaembu, são os candidatos a carimbar a faixa rubro-negra.

qua. Tostão

Como dizem os torcedores mais calejados: “nada contra que todos os anos carimbem minhas faixas”.

Profeta Sanchez

Sete anos atrás, Andrés Sanchez previu que, em 2017, o Corinthian­s seria um dos três maiores clubes do mundo.

OK, ele já se desculpou e não se fala mais nisso.

Sanchez também vaticinou que o Corinthian­s pagaria o estádio em seis anos, metade do tempo previsto.

Tudo bem, ele também pediu desculpa por tal despautéri­o e o assunto está encerrado.

Agora Sanchez deve desculpas a dois personagen­s do bicampeona­to continenta­l conquistad­o pelo Flamengo.

Deve desculpas ao ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello e ao treinador Jorge Jesus.

Do primeiro disse, em maio de 2018, que “futebol não é a praia dele”.

Sanchez imagina que futebol é atividade que se resolve só dentro das quatro linhas.

Bandeira de Mello fez o que Sanchez não soube fazer: plantou as estacas que permitiram ao Flamengo estar onde está.

Lembremos que, potencialm­ente, o Corinthian­s, num estado menos pobre que o Rio, e com maior torcida em casa que o Flamengo, tem tudo para ser maior.

Ao técnico português, em julho deste ano, lançou desafio: “Quero ver daqui a quatro, cinco meses”.

Pois está vendo.

Santo Sampaoli

O Santos é a melhor surpresa do Campeonato Brasileiro.

Quando parecia estar esgotada a quota de emoções do sábado, o time fez uma delícia de jogo ao golear o Cruzeiro por 4 a 1, com show de bola de Soteldo, Evandro e Marinho.

Impossível não eleger Jorge Jesus como o técnico do ano, mas Jorge Sampaoli não seria escolha injusta se compararmo­s a situação do Flamengo com a do Santos.

O futebol brasileiro deverá para sempre aos dois forasteiro­s que aportaram no país para nos lembrar da alegria que nosso futebol pode proporcion­ar quando voltado para fazer gols e não apenas para evitá-los.

Na galeria dos estrangeir­os que nos fizeram crescer, ambos têm lugar assegurado.

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