Folha de S.Paulo

Fuvest tem prova tradiciona­l e falha em reconhecim­ento facial

Questões multidisci­plinares chamam atenção; gabarito sai nesta segunda (25)

- Matheus Moreira

são paulo Os candidatos que fizeram a prova da Fuvest neste domingo (24) em busca de uma vaga na Universida­de de São Paulo encontrara­m um exame tradiciona­l, mas com algumas pequenas novidades.

O destaque desta edição foram as questões interdisci­plinares. Perguntas que abordavam matemática e inglês ou química e geografia cobravam dos alunos um bom conhecimen­to do conteúdo programáti­co dessas matérias.

De acordo com o gerente de inteligênc­ia educaciona­l do Poliedro, Fernando da Espiritu Santo, que fez a prova junto com os mais de 129 mil candidatos, a maior dificuldad­e do exame pode ter sido língua portuguesa devido a maior quantidade de questões em comparação com outras disciplina­s.

Para ele, a carga de leitura, tanto do enunciados quanto das obras obrigatóri­as, fizeram da prova de língua portuguesa deste ano um dos principais desafios para os candidatos.

Em compensaçã­o, a temida matemática exigiu menos exceções e mais conteúdos básicos, segundo ele.

“Matemática não foi tão complexa quanto se espera. Abordou todos os conteúdos programáti­cos, mas de uma maneira mais fácil para os estudantes. Sem cobrar o que chamamos de notas de rodapé, as exceções à regra. A prova cobrou o arroz com feijão da disciplina: funções, geometria, conhecimen­tos básicos”, diz.

Este ano também foi marcado pela primeira prova em cores, mas o exame não foi completame­nte colorido.

“Algumas questões, se não fossem coloridas, não teria sido possível compreende­r. Havia uma questão de política agrária que sem as cores não seria possível entender o gráfico”, afirmou o professor.

Para Espiritu Santo a prova foi, no geral, tranquila e com cobranças já esperadas.

Algumas questões abordaram temas polêmicos quentes, como o desmatamen­to e queimadas na Amazônia.

De acordo com Daily de Matos Oliveira, coordenado­r de história do curso Objetivo, a prova deste ano tentou se aproximar da realidade atual da sociedade brasileira.

“Caíram temas que têm muita a ver com questões atuais, como terra plana, em duas questões, e fake news. Não chega a ser uma questão de atualidade, mas se o aluno souber interpreta­r o que está acontecend­o, isso pode ajudar”, afirma.

Oliveira concorda com Espiritu Santo que a prova de matemática foi básica. Ele acrescenta ainda que biologia também cobrou conceitos elementare­s.

Em história, entretanto, o coordenado­r aponta que faltaram conteúdos que normalment­e caem na Fuvest, como o Brasil imperial (1822-1889), o que surpreende­u professore­s ouvidos pela Folha que dizem ter preparado seus alunos para temas tradiciona­is.

Nem todas as novidades deste ano, porém, emplacaram. Espiritu Santo conta que na sala onde fez o exame o sistema de reconhecim­ento facial, usado pela primeira vez, não funcionou como deveria.

“Na minha sala, o equipament­o falhou. O fiscal precisou trazer um novo tablet. No fim da prova, um outro fiscal voltou e disse que precisaria fazer o reconhecim­ento de todos mais uma vez”, afirma.

Em nota, a Fuvest disse que “todos os candidatos foram devidament­e identifica­dos por meio do sistema de identifica­ção facial”.

Ainda de acordo com a fundação, o número de abstenções deste ano foi de 7,9% — inferior a do ano passado, quando chegou a 8,1%. A cidade de São Paulo teve 8% de abstenção. A prova foi aplicada em 88 locais em 35 cidades brasileira­s para mais de 129 mi pessoas.

O gabarito oficial será divulgado nesta segunda-feira (25) às 9h. Já a lista de aprovados na primeira fase sairá no próximo dia 9 de dezembro.

“Matemática não foi tão complexa quanto se espera. Abordou todos os conteúdos programáti­cos, mas de uma maneira mais fácil para os estudantes. A prova cobrou o arroz com feijão da disciplina. Fernando da Espiritu Santo gerente educaciona­l do Poliedro

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Ronaldo Silva/Futurapres­s/Folhapress Vestibulan­dos fazem a Fuvest na Cidade Universitá­ria, em São Paulo; taxa de abstenção foi de 7,9%

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