Folha de S.Paulo

Preparo para férias de verão com crianças inclui pesquisa e vacina

Às vésperas da mais aguardada temporada, saiba quais as precauções para quem vai viajar ou ficar na cidade

- Patrícia Pasquini

são paulo Uma pergunta já começa a rondar a cabeça de quem tem filhos nesta época de despedida de 2019: afinal, o que vamos fazer nestas férias?

Primeiro, comece a trabalhar agora no planejamen­to, segundo a dica de Ítalo Curcio, coordenado­r do curso de pedagogia da Universida­de Presbiteri­ana Mackenzie, em São Paulo. “Assim, você cria expectativ­as agradáveis”, diz ele.

Se a família conseguiu marcar aquela tão sonhada viagem, os pais precisam saber que é importante ficar atento às questões de saúde.

Antes de viajar, a dona de casa Handressa Ribeiro da Silva, 39, mãe de filhos de 6, 8 e 12 anos, atualiza, por exemplo, as carteiras de vacinação das crianças e as leva ao pediatra.

Ela também costuma pesquisar bastante o lugar a ser visitado pela família com o intuito de identifica­r se há algum surto em circulação.

“A programaçã­o é feita com base nas crianças”, diz a mãe. “Adoramos praia, mas só vamos para aquelas que não são perigosas”, diz ela. No cardápio servido à beira-mar, o camarão é proibido, mas, para a alegria geral da garotada, as guloseimas estão liberadas.

“É comum ocorrer no verão aumento das doenças diarreicas, porque as pessoas se expõem mais ao comer fora de casa”, alerta Francisco Ivanildo Oliveira Júnior, infectolog­ista do Sabará Hospital Infantil, de São Paulo.

“Como no verão faz muito calor, o ideal é optar por alimentos mais leves e de fácil digestão, que necessitem menos de refrigeraç­ão”, recomenda.

O médico explica ainda que a maionese costuma ser a grande vilã do período porque estraga com muita rapidez.

Outro cuidado importante, tanto no litoral como no interior, ou até mesmo na cidade grande, é com as picadas de insetos. A gente já está acostumada a assistir ao aumento de doenças, como dengue, durante o período chuvoso, quando o número de criadouros dos mosquitos cresce.

Todo o mundo também está cansado de saber, mas não custa nada lembrar, que a exposição solar deve ser evitada entre às 10h e às 16h. Não esqueça: protetor solar sempre.

O médico faz um alerta para quem escolher como destino o Nordeste, por causa das mancha de óleo no mar.

“O contato com o petróleo pode provocar lesões na pele, como dermatites e queimadura­s. A ingestão de peixes e frutos no mar pescados na região é outra atenção. Apesar de o governo dizer que não tem contaminaç­ão, há outros trabalhos que afirmam o contrário, que há risco”, ressalva Júnior.

Um serviço útil e gratuito é o do Ambulatóri­o do Viajante, ligado ao Instituto de Infectolog­ia Emílio Ribas de São Paulo. O atendiment­o, que deve ser marcado pelo email agendament­o@emilioriba­s.sp.gov. br, precisa ocorrer ao menos 15 dias antes da partida.

Infectolog­istas pesquisam a situação epidemioló­gica do local de destino, atualizam a carteira de vacinação da família e dão orientaçõe­s sobre prevenção de doenças.

Outro alerta importante, dizem os médicos, é para aqueles que pretendem passear no exterior. Segundo a infectolog­ista Rosanna Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, se a viagem for para países da Europa ou do hemisfério Norte, é necessário se imunizar contra o vírus Influenza, que circula nessas regiões atualmente.

Para quem for ficar na cidade, é bom saber que a criança precisa de tempo livre para brincar, dormir até mais tarde, passear e se livrar das regras do dia a dia.

Na avaliação de Ítalo Curcio, as férias servem para diminuir ou interrompe­r algumas atividades. “O desligamen­to da escola nesse período é importante. Não precisa preservar a rotina das atividades pedagógica­s”, defende ele.

Durante o ano letivo, é comum os pais imporem uma série de regras para otimizar as tarefas escolares dos filhos.

No caso da família da dona de casa Handressa Ribeiro da Silva, por exemplo, os encontros com os amigos no condomínio onde eles moram, no Butantã (zona oeste da capital), ficam bem restritos.

Nas férias, a mãe libera os filhos das restrições, e as atividades escolares e pedagógica­s ficam totalmente de escanteio. “É o tempo deles para se divertirem como quiserem.”

Antes ou depois de voltarem de alguma viagem, os garotos aproveitam o que podem da programaçã­o de férias da cidade. O problema é que nem sempre os pais conseguem conciliar o período de descanso no trabalho com a pausa na rotina escolar.

Há situações ainda mais complicada­s quando há dificuldad­e de encontrar quem cuide das crianças durante as férias.

Para esses casos, de acordo com os especialis­tas, vale procurar escolas que ofereçam programas especiais com atividades que não remetem às escolares tradiciona­is, como passeios, atividades lúdicas e visitas a museus.

“Nas visitas a museus, você se afasta da escola, mas não se desliga da cultura. A educação é contínua”, diz o educador.

O importante é que a ação seja leve e sem caráter obrigatóri­o, pois a criança é livre para se divertir como quiser.

“Sou partidário que elas fiquem com avós, primos, tios. Para mim, deve ocorrer o desligamen­to. Em última instância, procure uma instituiçã­o nesse modelo”, recomenda.

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Karime Xavier/Folhapress Guilherme da Silva, 12, Leonardo, 8, Rafael, 6, com a mãe, Handressa Ribeiro da Silva: contagem regressiva

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