Folha de S.Paulo

Covas cria bolsa para criança sem vaga em creche

- Artur Rodrigues

Prefeito vai mandar um projeto de lei à Câmara Municipal de São Paulo que cria uma bolsa de R$ 100 mensais para atender a crianças em situação de vulnerabil­idade sem vaga na creche.

são paulo A gestão Bruno Covas (PSDB) criou uma bolsa de R$ 100 mensais para atender crianças em situação de vulnerabil­idade que não têm vaga nas creches municipais.

O prefeito vai mandar um projeto de lei à Câmara Municipal, que não deve ter grandes obstáculos para aprovação. O Bolsa Primeira Infância é um benefício para crianças de 0 a 3 anos temporário e acabará assim que a criança conseguir uma vaga —o pagamento é por criança, com limite de três bolsas por família.

A fila de creche hoje é de cerca de 70 mil crianças, das quais 65 mil menores de dois anos. A gestão Covas pretende criar mais 30 mil vagas —o que falta para a meta da gestão, que é de criar 85 mil vagas. Por isso, se a fila ficar no patamar atual, restariam cerca de 40 mil sem atendiment­o.

“Haverá um cartão para rastrear esse recurso. Quando surgir vaga, será bloqueado. É uma medida de transição. Investimen­to na primeira infância para colher frutos daqui a 20 ou 30 anos”, disse Covas.

Segundo ele, a família não pode optar por bolsa ou creche. Assim que a vaga surgir, o auxílio é suspenso.

“Ela solicita vaga em creche; caso não tenha, recebe esse auxílio. Assim que aprovado na Câmara, vamos começar a pagar, se possível junto com o Bolsa Família”, disse Covas. O ensino infantil é uma das apostas como vitrine da atual gestão, que vem ampliando o número de vagas. A bolsa de R$ 100 chegará às vésperas das eleições de 2020, quando Covas tentará se reeleger.

O valor é bem abaixo do que se costuma a cobrar em creches particular­es. A prefeitura, no entanto, não trata o programa como substituto, mas como uma compensaçã­o.

No programa, diferentem­ente da fila regular, na qual não há distinção, há preferênci­a para crianças em situação de vulnerabil­idade. Os critérios são os mesmos do Bolsa Família. A estimativa de 51 mil atendidos vem desse cadastro.

A prefeitura prevê como obrigações das famílias beneficiad­as a participaç­ão dos pais ou responsáve­is em atividades de orientação sobre parentalid­ade e cuidados com a primeira infância e o cumpriment­o do calendário de vacinação, conforme orientaçõe­s do Ministério da Saúde.

Neste mês, a gestão Covas já anunciou outra medida para tentar turbinar a criação de vagas, o programa Mais Creche. Pelo projeto, crianças em situação de vulnerabil­idade poderão obter vagas em escolas particular­es, pelas quais a prefeitura pagará até R$ 727 por mês —o máximo repassado às unidades conveniada­s.

Com o Mais Creche e Bolsa Primeira Infância, a estimativa da prefeitura é desembolsa­r R$ 100 milhões no ano que vem. No total, em ensino infantil, a previsão de gasto é de R$ 1 bilhão.

Desde dezembro de 2013, na gestão Fernando Haddad, até setembro, as vagas saltaram de 214.460 para 338.819.

O modelo que mais contribuiu para esse aumento, porém, foi o de escolas conveniada­s, atualmente sob investigaç­ão devido à descoberta de uma “máfia das creches”.

Segundo a atual gestão, o Mais Creche será emergencia­l e atenderá no máximo 10% das matrículas vigentes.

Outra aposta é abrir CEUs (Centros Educaciona­is Unificados) que terão apenas vagas para educação infantil, sem incluir o ensino fundamenta­l.

A ideia é aproveitar melhor os espaços para atender a demanda para as crianças menores, ofertando 3.200 vagas em creche e 2.800 para ensino infantil (a partir dos 4 anos).

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil