Folha de S.Paulo

Dona da Louis Vuitton compra a joalheria Tiffany por US$ 16 bi

Aquisição de marca ícone americana é a maior na história da indústria do luxo

- Amie Tsang e Vanessa Friedman Tradução de Paulo Migliacci

londres e nova york | the new york times A LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, maior companhia mundial de bens de luxo, anunciou nesta segunda (25) que chegou a um acordo para adquirir a joalheria Tiffany & Co. em uma transação de US$ 16,2 bilhões (R$ 67 bilhões), a maior já realizada no setor de produtos de luxo.

A aquisição dará à LVMH uma presença maior nos EUA e ajudará a Tiffany na Europa e na China. Também cimentará o status de Bernard Arnault, o presidente-executivo e do conselho da LVMH, como o mais aquisitivo líder no ramo dos produtos de luxo.

“A Tiffany é um ícone americano e estava havia muito tempo na lista de marcas que víamos como potencialm­ente muito compatívei­s conosco”, disse Arnault, em Paris.

A aquisição acrescenta mais uma marca americana importante ao catálogo da LVMH, que já inclui grifes como Dior,

Givenchy, Fendi e Dom Pérignon. O acordo ajudará a conduzir o grupo de luxo francês a uma posição de liderança não só nos bens de luxo ditos “macios”, que incluem roupas e bolsas, mas também nos bens de luxo “duros”, que incluem joias e relógios.

Alguns analistas dizem acreditar que o anúncio vá precipitar outras transações, já que as marcas terão de lutar para se manter competitiv­as em um mundo de gigantes como a LVMH e a Richemont.

“Esperamos que isso sirva como tiro de largada para uma nova rodada de consolidaç­ão no setor de bens de luxo, nos próximos 12 a 18 meses, com a polarizaçã­o significat­iva que continuamo­s a ver entre as marcas mais fortes e as mais fracas”, disse Swetha Ramachandr­an, gerente de investimen­tos do fundo GAM Global Luxury Brands Fund.

O acordo com a Tiffany, conhecida por suas caixas de um azul exclusivo e pelo filme “Bonequinha de Luxo” [“Breakfast at Tiffany’s”], com Audrey Hepburn, é o segundo grande investimen­to da LVMH em uma marca americana neste ano, depois de ter criado uma nova casa de bens de luxo, Fenty, em parceria com a cantora e atriz Rihanna.

Arnault, que nos últimos anos levou marcas como a Belmond, cadeia que controla hotéis de luxo como o Cipriani, de Veneza, e a Rimowa, fabricante de bagagens, para o grupo LVMH, disse que foi pela primeira vez à loja-sede da Tiffany, na Quinta Avenida, em Nova York, quando estava morando na cidade, na década de 1980. E manteve uma vigilância ainda mais estreita sobre a marca nos últimos 18 meses, enquanto estudava outras possibilid­ades de aquisições.

A transação aproveitar­á a presença da LVMH na China e seu conhecimen­to do mercado do país para ajudar a Tiffany a se expandir na região, onde a joalheria pretende levar mais produtos aos consumidor­es da China continenta­l, para tirar vantagem de seu poder aquisitivo.

Os gastos dos turistas chineses foram fortemente prejudicad­os pela desvaloriz­ação do yuan, a guerra comercial entre EUA e China e os protestos em Hong Kong. Arnault disse acreditar que a marca tem potencial real de expandir seu alcance na Europa.

A Tiffany “é forte nos EUA e no Japão, mas fraca na Europa, e não tem crescido na China”, disse. “Quanto a isso, poderemos ajudar bastante, encontrar as melhores localizaçõ­es.”

Arnaut disse esperar seguir com a Tiffany o mesmo modelo que ajudou a estimular as vendas e elevar os lucros da Bulgari, adquirida pela LVMH em 2011.

“Nosso foco será construir desejabili­dade em longo prazo”, disse. “Quando você é uma marca independen­te cotada em uma Bolsa de Valores americana, sua meta precisa ser o lucro do próximo trimestre. Nós podemos libertá-los para que a companhia viva em um estado mental diferente.”

A transação, que ainda requer aprovação pelos acionistas da Tiffany, deve ser concluída até a metade do ano que vem.

No Brasil, a marca tem seis lojas, em São Paulo, em Brasília, no Rio e em Curitiba.

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Spencer Platt/Getty Images/AFP Movimento à frente da Tiffany na Quinta Avenida (NY); LVMH quer elevar vendas na Europa e na China
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Reprodução Audrey Hepburn na Tiffany em ‘Bonequinha de Luxo’

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