Folha de S.Paulo

Entenda o julgamento do caso do sítio

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O que o TRF-4 julgará?

Na quarta (27), o TRF-4 vai julgar os recursos das partes contra a decisão de primeira instância no caso do sítio em Atibaia. A juíza Gabriela Hardt entendeu que Lula recebeu vantagens indevidas da Odebrecht e da OAS em troca de favorecime­nto em contratos da Petrobras.

Para Hardt, as reformas feitas pelas construtor­as no sítio frequentad­o por Lula configurar­am corrupção e lavagem de dinheiro. Por que a sentença pode

ser anulada? Um ponto fundamenta­l será a análise sobre se é aplicável ao processo o mais recente entendimen­to do STF sobre a sequência de apresentaç­ão de alegações finais pelos acusados. O Supremo decidiu que nos casos em que houver réus delatores e réus delatados, na apresentaç­ão da última manifestaç­ão pelas partes delatores devem anteceder os delatados. A decisão teve como fundamento o princípio de que réus não colaborado­res devem conhecer o conteúdo de todas as acusações contra eles antes de preparar e entregar alegações finais. Se esse tema for superado e a sentença não for anulada, o TRF-4 passará a examinar se as condenaçõe­s ou absolviçõe­s devem ser mantidas ou reformadas. O caso do sítio se enquadra na recente decisão do STF?

Sim, uma vez que o ex-presidente teve a oportunida­de de oferecer alegações finais no mesmo período em que outros réus delatores do processo.

Todo o processo pode ser anulado, como já ocorreu nos casos Castelo de Areia e Satiagraha? Não. Com base no entendimen­to do

STF sobre a ordem das alegações finais o TRF-4 pode anular apenas a sentença de primeira instância e determinar que o processo volte à fase de alegações finais. Provas e depoimento­s continuari­am válidos. Se o processo voltar para a 1ª instância, quem julgará a causa? O caso deverá ser julgado pelo atual juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Luiz Antonio Bonat. Na hipótese de o caso retornar para o primeiro grau, o que terá que ser refeito? O juiz terá que abrir novo prazo para alegações finais. Após todas as partes entregarem suas petições, o magistrado examinará todo o conteúdo do processo e preparará uma nova sentença. Quais são os principais pontos da defesa de Lula para alegar inocência nesse

caso? A defesa de Lula alega que ele não teve direito a um processo justo pois a maior parte da causa foi conduzida pelo atual ministro da Justiça, Sergio Moro, que, para os advogados, não agiu com imparciali­dade durante a investigaç­ão e a ação penal do caso.

Outra alegação é a de que não há provas de que Lula atuou para beneficiar a Odebrecht e a OAS em contratos da Petrobras, ou seja, não está comprovada contrapart­ida do líder petista em favor das companhias.

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