Doria defende Joice como vice de Covas em 2020 em SP
Governador nega plano B no PSDB após doença do prefeito e afirma que Lula terá impacto na eleição
san francisco O governador João Doria (PSDB-SP) defendeu explicitamente a composição de uma chapa em que a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) seja candidata a vice do prefeito paulistano Bruno Covas (PSDB), que buscará a reeleição em 2020.
Ele também situa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recentemente libertado da prisão, como ator central no pleito do ano que vem.
Sobre a chapa Covas-Joice, Doria foi claro. “Por que não? O Bruno será reeleito. A Joice é uma brilhante deputada, pessoa com boa formação e com quem tenho uma relação de muitos anos.”
Depois, ele repetiu o bordão segundo o qual “quanto mais próxima estiver do Bruno, mais felizes ficaremos”, completando com uma avaliação: “E acredito que os eleitores, porque ela complementa bem o perfil do Bruno”.
Com isso, o governador paulista consolida o que vinha insinuando desde que o PSL implodiu, dando origem a um partido que está sendo montado pelo presidente Jair Bolsonaro, o Aliança pelo Brasil.
Joice vinha se colocando como a candidata de Bolsonaro à prefeitura, mas acabou rompida com o presidente e os filhos dele —que estão de saída do PSL. Com isso, perdeu seu principal ativo, caso siga na agremiação.
“Não quero aqui antecipar o processo, temos tempo, é uma definição para abril do ano que vem. Mas se isso avançar [a chapa Covas-Joice], terá os bons olhos do governador de São Paulo”, disse Doria.
Ele voltou a negar que haja qualquer plano B no PSDB para a eventualidade de o tratamento de um câncer no trato digestivo impossibilitar a tentativa de reeleição de Covas. A doença do prefeito embaralhou as cartas de uma disputa que já estava confusa.
Antes da revelação, Covas vinha sofrendo pressões veladas no partido para não disputar, dado que pontuava mal
em pesquisas internas.
As primeiras sondagens após o anúncio da doença, segundo caciques tucanos, indicam que houve um salto no conhecimento da figura do prefeito, seguido por empatia devido à delicada situação.
Em privado, ainda assim, mesmo aliados do prefeito discutem a possibilidade de ele não poder concorrer. Em São Paulo, circulou na semana passada o nome da senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) como eventual substituta de Covas.
Ela se encaixaria no perfil que o partido vem buscando para o pleito do ano que vem.
Embora não tenha falado em seu nome, Doria disse que “o PSDB está bastante orientado em buscar candidaturas de jovens e mulheres, prioritariamente”.
Desafeto de Joice no PSL e histórico opositor de Doria, o senador Major Olímpio (SP) reagiu à proposta de dobradinha anunciada pelo governador. Em uma rede social, ele afirmou que o tucano “pode tirar o cavalo da chuva”.
“Doria quer o PSL como vice para poder atrair o partido para sua base, mas nós não esquecemos que Doria traiu e enganou Bolsonaro, jamais perdoaremos isso!”, escreveu, referindo-se à postura do governador em relação ao presidente da República.
Após fazer campanha em 2018 com a bandeira “BolsoDoria”, o tucano passou neste ano a tecer críticas a determinados gestos e medidas de Bolsonaro, o que lhe rendeu entre alguns adversários a pecha de traidor.
A eleição paulistana é essencial para o plano não declarado de Doria de tentar a Presidência em 2022, dado o peso político e eleitoral da capital paulista. Além de Covas e Joice, ele tem na disputa outros nomes que o apoiam, como Filipe Sabará (Novo) e Andrea Matarazzo (PSD).
Hoje, Doria desponta como presidenciável do chamado centro, que na realidade é mais uma centro-direita. Mais à esquerda no espectro surge o apresentador global Luciano Huck, enquanto mais à direita estão o presidente Bolsonaro e o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC).
A esquerda ainda não tem nomes certos, embora Ciro Gomes (PDT) busque espaço para voltar à disputa e o exprefeito paulistano Fernando Haddad possa ser novamente o nome de um hoje inelegível Lula, como em 2018.
Acerca do papel do ex-presidente na eleição, o tucano fez uma análise fria, distante da agressividade antipetista que costuma acompanhar suas falas sobre Lula.
“Haverá impacto. A voz do Lula é uma voz significativa, ele é um líder, está aglutinando os movimentos de esquerda que estavam desaglutinados desde sua prisão. Isso terá um papel expressivo nas eleições municipais”, afirmou o governador.