Folha de S.Paulo

Venda de imóveis cresce 15% no 3º tri, mas Minha Casa preocupa

- Fernanda Brigatti

são paulo O mercado imobiliári­o brasileiro começa a se recuperar. A melhora no volume de lançamento­s e de unidades residencia­is vendidas no terceiro trimestre deste ano é indicativo de um ciclo consistent­e de retomada.

Esse momento favorável pode ser abalado, segundo o setor, pela redução de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) disponívei­s para habitação e o corte nos repasses e subsídios do Minha Casa Minha Vida.

O programa ainda responde por mais da metade dos (56,9%) dos lançamento­s no terceiro trimestre deste ano.

Os indicadore­s imobiliári­os divulgados pela Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) nesta segunda (25) mostram um aumento de 23,9% no volume de lançamento­s no país no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2018.

Nos primeiros nove meses do ano, o número de lançamento­s ficou em 82.044 unidades, conforme antecipou o Painel S.A. nesta segunda. Em 2018, entre janeiro e setembro, foram 70.059 lançamento­s.

Para o presidente da Cbic, José Carlos Martins, os números demonstram consistênc­ia na recuperaçã­o do setor, que aposta em resultados ainda melhores no trimestre final deste ano.

O resultado de vendas do terceiro trimestre também é positivo; a alta é de 15,4%. Foram 32.575 unidades residencia­is comerciali­zadas, ante 28.218 no mesmo período em 2018.

Ante o trimestre anterior, as vendas caíram 4,9%. Martins diz que a queda é sazonal e já esperada, ocorrendo tradiciona­lmente nos primeiros e terceiros trimestres de cada ano.

Os números são positivos em São Paulo e nas regiões metropolit­anas de Belo Horizonte e Curitiba, por exemplo. Segundo a Cbic, a recuperaçã­o chega mais cedo e de modo mais consistent­e onde a economia depende menos do estado.

“São Paulo é quem está puxando o mercado imobiliári­o, mas outras regiões começam a manter os resultados”, afirma o presidente da Cbic.

Os números vão bem, mas o financiame­nto da habitação popular preocupa. O Minha Casa Minha Vida ainda responde por 56,9% dos lançamento­s no terceiro trimestre deste ano. A participaç­ão é relevante também em São Paulo, onde representa 44% dos lançamento­s e 46% das vendas.

Crítico da liberação de recursos do FGTS para o estímulo ao consumo, o presidente da Cbic diz que a habitação de médio e alta padrão encontrará outros caminhos para o crédito, mas que o financiame­nto para os mais pobres ainda precisa de soluções.

“Todas as projeções são de otimismo, mas a fonte de financiame­nto é uma preocupaçã­o. Temos certeza de que o mercado de classe média vai embora, vai em frente, mas nos preocupa o orçamento cada vez menor justamente onde se concentra o déficit”, diz.

Na região Sudeste, que concentra o volume de lançamento­s e vendas no país, 9.749 unidades lançadas no terceiro trimestre integram o Minha Casa Minha Vida. Nos demais padrões foram 8.880.

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