Folha de S.Paulo

Brasil inicia testes para via rápida de entrada nos EUA

- MD

washington O Brasil anunciou nesta segunda-feira (25) o início da fase de testes para participar do Global Entry, programa que facilita a entrada de viajantes frequentes e préaprovad­os aos EUA, mas não os isenta de visto.

O comunicado sobre o processo ainda experiment­al foi feito durante a reunião do Fórum de Altos Executivos BrasilEUA, que é realizada em Washington,

com participaç­ão do ministro Paulo Guedes (Economia) e do secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, além de 20 empresário­s, dez de cada país. O Itamaraty, porém, não especifico­u qual será a data de implementa­ção efetiva do programa.

Os governos brasileiro e americano acordaram em realizar um teste para um grupo pequeno, de 20 pessoas, que participam do fórum de empresário­s na capital dos EUA. Esse trâmite, avaliam, vai permitir identifica­r quais são as necessidad­es técnicas e operaciona­is para o lançamento de uma fase piloto e, só então, a execução plena e ampliada do programa.

Integrante­s do governo brasileiro consideram este o primeiro passo concreto para a participaç­ão do país no Global

Entry, já tantas vezes anunciada, mas nunca concluída.

Um dos motivos de entrave era a resistênci­a das autoridade­s brasileira­s em compartilh­ar com os americanos certas informaçõe­s dos viajantes —por exemplo, informar ao governo dos EUA se determinad­a pessoa está sendo processada, mesmo que não tenha sido condenada.

O ingresso no programa era uma reivindica­ção antiga do setor privado brasileiro, que avalia ser uma medida fundamenta­l para a integração das economias. Mediante pagamento de taxa, o viajante cadastrado no Global Entry não passa pelos oficiais de imigração nem enfrenta a fila.

“O Global Entry não substitui a exigência de visto, mas permite a liberação rápida no controle do passaporte no momento da chegada aos Estados Unidos. Os interessad­os podem fazer o trâmite de ingresso em aeroportos selecionad­os de maneira desburocra­tizada por meio de quiosques automático­s, sem contato com agente de imigração, evitando a necessidad­e de passar por fila de controle migratório”, diz a nota do Itamaraty.

O governo Jair Bolsonaro tem interesse em fechar um acordo comercial amplo com os EUA, mas sabe dos obstáculos e interesses políticos para a derrubada de algumas tarifas, como sobre o açúcar.

Por isso, diplomatas brasileiro­s em Washington afirmam que é preciso trabalhar em outras frentes, com medidas de facilitaçã­o de negócios, considerad­as um passo anterior à abertura formal das tratativas de um acordo mais abrangente entre os dois países.

A reunião dos altos executivos brasileiro­s e americanos, que ocorreu nesta segunda, é uma das ações neste sentido.

A reativação do fórum foi estabeleci­da durante a visita de Bolsonaro a Washington, em março. Ali ficou estabeleci­do quais seriam os participan­tes de cada país e que um encontro formal seria feito no segundo semestre do ano. Do lado dos EUA, há representa­ntes da Baxter Internatio­nal, Dow Silicones, Vermeer Corporatio­n, entre outras; do brasileiro, participam Natura, Votorantim, Embraer e Gerdau, por exemplo.

A semana escolhida para a reunião, porém, foi a do feriado de Ação de Graças, importante no calendário dos americanos e, portanto, bastante esvaziada em Washington.

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Embaixada do Brasil em Washington/ Divulgação O ministro Paulo Guedes (Economia), à frente da bandeira do Brasil, durante reunião do Fórum de Altos Executivos BrasilEUA, em Washington

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