Trigo com agrotóxico irregular é armazenado em silos públicos no Sul
curitiba e porto alegre Cerca de 2.850 toneladas de trigo contaminado com agrotóxico proibido em etapas de produção e acima dos limites permitidos foram encontradas em dois armazéns públicos, um em Ponta Grossa (PR) e outro em Marau (RS).
O primeiro silo é da Conab (da Companhia Nacional de Abastecimento), e o segundo, de uma empresa gaúcha que presta serviços à estatal.
A companhia comprou o trigo contaminado via leilão, em janeiro de 2018. Em uma das medições encontradas no silo de Marau, a quantidade de glifosato chegou a 5,206 mg/kg, cem vezes além do limite de 0,05 mg/kg.
Em Ponta Grossa foi encontrado 1,1 mg/kg de fosfeto de alumínio no início do monitoramento, sendo que o tolerável é 0,1 mg/kg.
A descoberta ocorreu durante estudo da Embrapa sobre perdas no armazenamento. O trigo é da safra de 2017 e provém de Pato Branco (PR).
Mesmo com a diminuição na concentração dos agrotóxicos com a passagem do tempo, o estudo aponta que, até a última fase de monitoramento, as quantidades de glifosato e fosfeto continuavam acima das permitidas pelas regras brasileiras.
Para a coordenadora do estudo, Casiane Tibola, no caso da concentração de glifosato, deve ter havido a aplicação do produto na produção na fase de “dessecação” do trigo, o que é proibido.
Os responsáveis pela produção do trigo não serão multados. O Ministério da Agricultura afirmou que a coleta da Embrapa teve objetivo de monitoramento e pesquisa, e não de ação fiscal. Se a irregularidade tivesse sido descoberta durante fiscalização, a multa seria de R$ 5.000, mais 400% do valor comercial do produto.
A Conab afirma que providenciou novas análises.