Mortes pela polícia chegam a 1.546 em 2019, recorde no estado do Rio
rio de janeiro O número de mortes pela polícia bateu recorde em 2019 no estado do Rio de Janeiro. De janeiro a outubro, já foram contabilizadas mais mortes pelo estado do que em qualquer ano nas últimas duas décadas.
Até outubro, 1.546 pessoas foram mortas pela polícia, maior número para o período desde 1998, quando o dado começou a ser contabilizado. Foram 18% a mais do que no mesmo intervalo do ano passado. Ao mesmo tempo, o número de homicídios dolosos desde o início do ano foi o menor para o período desde 1991. Foram 3.342 homicídios de janeiro a outubro, 21% a menos do que no mesmo intervalo de 2018.
As estatísticas de outubro seguem tendência já apresentada nos meses anteriores.
Os números vêm na esteira do discurso linha-dura e das operações policiais promovidas pelo governador Wilson Witzel (PSC), eleito sob a bandeira do endurecimento na segurança pública.
As mortes pelo estado até outubro representam 31% do total de casos de letalidade violenta (5.017), que reúne todos os índices criminais que resultaram em morte.
Como mostrou a Folha, estudo do Ministério Público do Rio concluiu que o aumento das mortes pela polícia não tem relação com a redução de homicídios. “Há de fato áreas onde o aumento de mortes pela polícia é acompanhado da queda dos homicídios dolosos, mas esse não é o padrão geral”, indicou o relatório.
Witzel defende a política de enfrentamento para a retirada armas e drogas do crime, endossa ações policiais que acabam em óbitos e enaltece a diminuição nos assassinatos —fenômeno que ocorre no país como um todo.
Neste ano, seis crianças morreram vítimas de bala perdida. Na semana passada, a Polícia Civil concluiu que quem matou Ágatha Félix, 8, foi um policial militar.
Na última semana, o PSB ingressou com arguição de descumprimento de preceito fundamental no STF contra a política de segurança de Wilson Witzel.