Folha de S.Paulo

Em referência ao número pi (3,1415...), 14 de março será o Dia da Matemática

- Gabriel Alves

são paulo Dia 14 de março (ou 3/14, no padrão americano) já é conhecido como o Dia do Pi (π), constante matemática que começa com 3,1415926535­9... e tem outros infinitos dígitos na sequência. O número π aparece, por exemplo, quando o perímetro de uma circunferê­ncia é dividido por seu diâmetro.

Nesta terça (26), essa mesma data foi escolhida pela Unesco para ser o Dia Internacio­nal da Matemática.

“A data servirá para valorizar essa área do conhecimen­to que é central na civilizaçã­o por sua linguagem, sua universali­dade, suas aplicações e por estar na linha de frente do pensamento abstrato do ser humano”, afirma Eduardo Colli, professor de matemática da USP e membro do comitê internacio­nal do Dia Internacio­nal da Matemática.

Ele diz que a ideia é que escolas, universida­des e outras instituiçõ­es aproveitem a ocasião para criar eventos e atividades que mostrem a importânci­a da matemática para os estudantes e para a sociedade.

Um site foi criado (idm314. org) para que matemático­s de todo o mundo possam cadastrar atividades abertas ao público. O Brasil já tem um evento marcado: a exposição Matemateca, de responsabi­lidade de Colli, deverá ficar aberta ao público em todo o mês de março, no Centro Universitá­rio Maria Antonia, na região central de São Paulo.

Entre as peças da coleção estão um jogo da velha tridimensi­onal, obras que representa­m superfície­s estranhas, disputas com dados não convencion­ais, experiment­os estatístic­os, labirintos e outras tantas com uma boa dose de matemática por trás.

“A matemática vem sendo estudada ao longo da história da humanidade. Hoje, a matemática tornou-se uma ferramenta tão sofisticad­a que as pessoas nem se dão conta de sua onipresenç­a em nossas vidas. Nós podemos dizer que a matemática está em tudo, que é o tema do primeiro Dia Internacio­nal da Matemática, em 2020”, diz Christiane Rousseau, da Universida­de de Montreal (Canadá), que encabeça a iniciativa.

A matemática, em seu nível mais fundamenta­l, está por trás de nosso conhecimen­to sobre as leis que regem o Universo, de acordo com documento que embasou a decisão da Unesco. “Ela também é um determinan­te de avanço tecnológic­o na nossa sociedade. As aplicações da matemática revolucion­aram a sociedade por meio da tecnologia da informação, da internet, e tecnologia­s baseadas em poderosos algoritmos computacio­nais”, diz o texto

Outra meta é que nesse dia haja especial atenção às contribuiç­ões de mulheres para a matemática, como as de Hipátia de Alexandria (c. 355-415), Mary Winston Jackson (19212005) e Maryam Mirzakhani (1977-2017), estimuland­o que mais meninas sigam neste caminho. As mulheres ainda são minoria nas ciências exatas.

Hipátia, reconhecid­a como a primeira matemática, atuou em áreas como astronomia e geometria. Jackson atuou como computador­a na Nasa durante a Guerra Fria e seus cálculos ajudaram o homem a pisar na Lua.

Mirzakhani foi a primeira e única mulher a receber a Medalha Fields, maior prêmio do meio matemático, em 2014. Naquele mesmo ano o brasileiro Artur Avila recebeu a honraria, feito inédito para um latino-americano.

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