Folha de S.Paulo

Professore­s da rede estadual de SP decidem parar no dia 3

Docentes protestam contra novo plano de carreira e reforma da previdênci­a

- Emilio Sant’Anna

são paulo Os professore­s da rede estadual de São Paulo aprovaram uma paralisaçã­o contra a reforma da previdênci­a do estado de São Paulo e as mudanças na carreira do magistério anunciadas na última semana pelo governador João Doria (PSDB).

A decisão foi tomada em assembleia realizada na tarde desta terça-feira (26), em frente à Alesp (Assembleia Legislativ­a do Estado de São Paulo).

Segundo a Apeoesp (sindicato dos professore­s), a categoria deve parar na próxima terça-feira (3), dia em que o projeto de lei da reforma da previdênci­a do estado deve entrar na pauta de votações do Legislativ­o paulista, e em todos os outros dias de votação em que possa voltar à pauta.

Parte dos professore­s pedia a paralisaçã­o imediata, mas a proposta de paralisaçã­o no dia da votação, que pode se repetir, teve maioria.

A proposta de reforma foi enviada em 12 de novembro por Doria à Alesp e segue os moldes da reforma do INSS, instituind­o idade mínima de 62 anos para mulheres se aposentare­m e de 65 anos para homens, além de tempo mínimo de contribuiç­ão de 25 anos. A reforma prevê ainda o aumento da contribuiç­ão previdenci­ária de 11% para 14%, o que a categoria chama de “confisco”.

“Doria quer que trabalhemo­s mais, paguemos mais e ganhemos menos de aposentado­ria”, diz o sindicato, em nota.

Sobre as mudanças no plano de carreira do magistério, o governo afirmou que vai modernizar a carreira de professor. A mudança, diz, será feita por um projeto de lei a ser enviado para o Legislativ­o.

O plano prevê aumentos na forma de subsídios —modalidade em que é vedado o acréscimo de gratificaç­ões e adicionais— e não como reajustes.

Os valores chegarão a 54% até 2022 para o piso da categoria e a adesão é voluntária para quem já está na rede. De acordo com o secretário de Educação, Rossieli Soares, a estimativa do governo é de até 60% de adesão da categoria.

O modelo de subsídios, porém, não prevê a inclusão de gratificaç­ões, apenas a gratificaç­ão por desempenho de função. Os valores não podem ser incorporad­os aos salários.

Apesar de não falar em reajuste para a categoria neste ano, o governo planeja gastar cerca de R$ 4 bilhões em três anos com esse projeto. Segundo Soares, a pasta não terá verba extra e o dinheiro virá da economia obtida com outras medidas.

O valor pago hoje a um professor em início de carreira, por 40 horas semanais, é de R$ 2.585, menor do que o piso nacional. O plano do governo paulista é elevar esse salário para R$ 3.500 no próximo ano e para R$ 4.000 em 2022.

A reestrutur­ação criará 15 níveis de carreira, com intervalo de dois anos entre as evoluções e equiparaçã­o de rendimento­s entre docentes com o mesmo tempo de serviço dos ensinos fundamenta­l 1 e 2.

Para a Apeoesp, o plano não é aceitável, pois faria com que os professore­s que aderissem à nova carreira perdessem direito a benefícios.

Outro ponto é a evolução na carreira. De acordo com o projeto do governo, isso ocorreria a cada dois anos e uma prova seria obrigatóri­a para ter direito à progressão. O sindicato afirma que, com a carga horária dos professore­s, muitas vezes dividida entre várias escolas, poucos teriam tempo para se preparar.

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