Folha de S.Paulo

Deputados aprovam criação do novo Mais Médicos e mudanças no Revalida

Textos seguem agora para o Senado; medida provisória precisa ser aprovada até esta quinta (28)

- Angela Boldrini

brasília A Câmara aprovou nesta terça-feira (26) o projeto que altera as regras de revalidaçã­o de diploma para médicos estrangeir­os e formados no exterior e a medida provisória que cria o novo Mais Médicos.

Os textos têm que passar pelo Senado. No caso da MP, a votação precisa ocorrer até quinta-feira (28), para que a medida não perca validade.

O projeto de lei votado estabelece que universida­des públicas e privadas com notas 4 e 5 (as mais altas) no Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) possam aplicar o exame.

O Revalida também será aplicado semestralm­ente — hoje, não há periodicid­ade definida. A última edição da prova foi iniciada em 2017.

A votação da medida provisória causou polêmica e durou mais de quatro horas no plenário. Após acordo com parlamenta­res do centrão, como o líder Arthur Lira (PP-AL), o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), adiou a votação do texto da MP para votar o projeto de lei do Revalida, um dos principais pontos de discórdia do projeto do governo federal.

No texto da medida provisória, não havia a previsão de nota mínima para as universida­des privadas revalidare­m o diploma. Isso foi criticado por entidades médicas, que dizem que seria criado um mercado de diplomas sem que os médicos tivessem comprovaçã­o de formação adequada.

Esse trecho foi retirado do texto principal aprovado pela comissão especial, valendo o que foi aprovado pelo PL.

Atualmente, médicos estrangeir­os podem buscar a revalidaçã­o dos diplomas de duas formas. A primeira é por meio de um exame, o Revalida, composto de duas fases: uma teórica, com questões objetivas, e outra prática, de habilidade­s clínicas.

Um segundo modelo é feito diretament­e em algumas universida­des públicas, por meio de editais próprios e processo que inclui análise de disciplina­s cursadas no exterior, verificaçã­o de conteúdos e complement­ação curricular. O projeto de lei aprovado nesta terça não altera este processo.

Há a reclamação, porém, de que o processo é demorado e não há periodicid­ade regular.

Um dos pontos mais sensíveis da medida, que não estava presente no texto do governo, é a reinserção de médicos cubanos. O artigo foi incluído pelo relator da MP na comissão mista e permite que cerca de 1.700 cubanos que ficaram no Brasil possam atuar no programa antigo por até dois anos.

Nesse período, eles seriam submetidos a provas de revalidaçã­o do diploma, condição para que, passado esse prazo, possam continuar a atuar no país. Há destaque, que ainda não foi votado, para retirar esse trecho do texto.

A medida provisória aprovada permite a criação da Agência para o Desenvolvi­mento da Atenção Primária à Saúde, que passa a comandar o Médicos pelo Brasil, nome do novo programa do governo.

A oposição era contra a medida por se tratar de uma associação de direito privado sem fins lucrativos, mas o texto foi mantido.

Além das divergênci­as sobre o tema, parte do atraso é atribuído também a uma insatisfaç­ão com o governo e à demora no pagamento de projetos alvo de emendas parlamenta­res, conforme informou a coluna Painel.

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