Folha de S.Paulo

Fala de Guedes sobre AI-5 é inadmissív­el, afirma Alcolumbre; Lula também critica

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brasília, são paulo e manaus | uol O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEMAP), também condenou, nesta quarta-feira (27), a declaração do ministro Paulo Guedes (Economia) sobre uma possível reedição do AI-5 no país em caso de radicaliza­ção de protestos de rua.

“Vivemos tempos em que as instituiçõ­es brasileira­s têm de ser preservada­s. É inadmissív­el, a todo momento, uma declaração que remonta ao passado triste da nossa história, como o retorno do AI-5, vir à tona. O caminho para a prática da democracia é o respeito ao país”, escreveu Alcolumbre em uma rede social.

O Ato Institucio­nal número 5 foi editado em 1968, no período mais duro da ditadura militar (1964-1985), resultando no fechamento do Congresso Nacional e renovando poderes conferidos ao presidente para cassar mandatos e suspender direitos políticos.

O ex-presidente Lula (PT) também criticou a declaração de Guedes. “A democracia não é um pacto de submissão, de silêncio”, pelo qual “quem ganha as eleições pode fazer tudo”, disse o petista, em entrevista ao site Brasil 247.

Lula afirmou que nunca convocou quebra-quebra durante sua militância política, iniciada na década de 1970, e disse ter orgulho de ter participad­o de manifestaç­ões “a favor de tudo e contra tudo”.

Na segunda-feira (25), em Washington, nos EUA, o ministro da Economia afirmou que “não é possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 [como fez em outubro o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro] diante de uma possível radicaliza­ção dos protestos de rua no Brasil”.

A fala de Guedes provocou reação de setores do Congresso e do Judiciário logo no dia seguinte, incluindo manifestaç­ões de repúdio do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Na terça (26), durante palestra, Guedes voltou ao tema, classifico­u manifestaç­ões de rua como “uma bagunça, uma convulsão social” e pediu uma “democracia responsáve­l” no país. Disse que as pessoas podem ir às ruas para reclamar seus direitos, desde que de forma pacífica.

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